Há anos você vem planejando investir o dinheiro do 13º salário, mas acaba gastando um pouco aqui, outro tanto ali e, quando vê, não sobrou nada para aplicar. Se desta vez você está deteminado a cumprir esta meta, há boas opções de investimentos disponíveis. Entre as mais recomendadas por especialistas, estão os títulos do Tesouro Direto, a poupança e as ações. Mas o produto financeiro ideal vai depender do objetivo do investidor, se é de curto prazo ou de longo prazo.
Se a ideia é investir para o curto prazo, poupança, Tesouro Direto, fundo de renda fixa e CDBs são opções
Se a ideia é fazer uma reserva financeira para não passar aperto caso perca o emprego, ou investir para um período curto de tempo, de até 12 meses, o investidor deve buscar aplicações menos arriscadas. “É preciso ser mais conservador para não correr o risco de perder,” diz Sinara Polycarpo, superintendente de Investimentos do banco Santander.
Entre estão entre as opções os títulos do Tesouro Direto e os fundos de renda fixa, que são oferecidos por bancos e corretoras, e a poupança e os CDBs (Certificados de Depósito Bancário, que funcionam como um título de dívida do banco e são oferecidos pela própria instituição bancária).
Todos esses produtos são considerados mais conservadores uma vez que o rendimento - ainda que seja baixo do que o de alguns produtos de renda variável - é mais garantido. “Como o cenário está muito incerto e as perspectivas são de que o mundo e o Brasil cresçam menos, é melhor ser conservador,” acrescenta Sinara.
Para quem tem uma quantia de dinheiro menor, a poupança é a mais indicada porque é de fácil compreensão e manuseio, diz Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec. “O mecanismo de investimento é simples, pode ser feito internet. É uma opção apropriada para uma parcela da população que tem vergonha de falar com o gerente do banco, por não ter conhecimentos, mas quer começar a fazer uma reserva de capital,” acrescenta.
Já os títulos do Tesouro Direto, os fundos de investimento de renda fixa e os CDBs são mais recomendados para quem já tem alguma ideia dos fundamentos financeiros. “São produtos mais convenientes para quem tem algum conhecimento e não se sente perturbado em assumir um grau maior de risco,” diz Braga.
No caso dos fundos, na hora de optar entre um ou outro, o investidor deve buscar o que combine melhor com o seu perfil. “É preciso conversar com o gerente do banco, fazer o teste de avaliação de perfil ou buscar consultor financeiro para identificar a opção mais adequada,” diz o professor do Ibmec.
A principal recomendação de Angela Menezes, professora de Finanças do Insper, em qualquer caso, é comparar as taxas cobradas pelas instituições financeiras, que pode variar bastante de um banco para outro e de um tipo de fundo para outro.
Em relação aos títulos do Tesouro Direto, que são papéis da dívida brasileira, o investidor deve observar as perspectivas econômicas. Quem acredita na queda dos juros, pode optar por um papel que não acompanhe os juros, mas sim a inflação, ou que seja prefixado. Mas a sugestão de Braga, para obter uma maior segurança, é montar uma cesta com mais de um tipo. “Como estamos vivendo em um cenário que está mudando todo o dia, a o melhor é combinar os títulos,” afirma.
Já para quem estiver considerando os CBDs, os especialistas lembram que quanto mais dinheiro disponível, melhor será o retorno. Assim, valem mais a pena para quem tem mais dinheiro para acrescentar ao 13º salário.
Em todos os casos, os especialistas reforçam a importância de verificar todas as taxas e sempre verificar se a poupança não é mais vantajosa. Muitas vezes, as taxas de administração e o imposto de renda (IR) fazem a diferença. “Mesmo que um fundo, um título do Tesouro ou um CDB paguem um retorno maior, a poupança pode ser mais interessante pois é isenta de (IR), além de não ter taxas administrativas,” afirma Angela.
As aplicações de renda fixa são sujeitas a um imposto de renda de 22,5% se o dinheiro é sacado antes do primeiro ano de aplicação. O percentual vai diminuindo a cada período, até 15% a partir do terceiro ano, mesmo patamar que incide sobre os rendimentos com ações. Além disso, os fundos e os CDBs sempre têm taxas de administração, enquanto no caso do Tesouro Direto, a instituição pode ou não cobrar taxas.
Para longo prazo, momento pode ser bom para investir em ações, mas somente até 50% do dinheiro disponível
Quem pretende aplicar o dinheiro pensando no futuro tem uma gama maior de opções e pode buscar aplicações um pouco mais arriscadas. Além disso, pode ficar tranquilo com relação ao imposto de renda sobre os ganhos com aplicações de renda fixa, já que a taxa diminui com o passar do tempo.
As ações são o investimento mais recomendado pelo fato de as recentes desvalorizações terem deixado muitos papéis com preços atrativos. “Para o longo prazo, o momento é favorável às ações,” diz Braga.
“Hoje a bolsa de valores está terrível por conta da Europa, mas uma hora os europeus vão ter que se acertar e termos um rali na Bolsa,” acrescenta Pedro Galdi, analista chefe da SLW, que também reforça que as ações são um investimento para longo prazo, de pelo menos cinco anos.
Mas a recomendação é de não colocar todo o dinheiro em ações. “Nunca se deve investir tudo em renda variável. Sempre pode acontecer alguma emergência, e a pessoa pode precisar sacar,” diz o professor do Ibmec. Como as ações são muito variáveis, pode coincidir de estarem abaixo do preço pago pelo investidor quando ele mais precisar do dinheiro.
“Colocar 10% ou 20% no mercado de ações seria muito razoável,” diz Sinara, do Santander. A recomendação de Braga e Galdi é alocar até 50% do capital disponível no mercado acionário.
Quem não tiver aptidão para acompanhar as empresas, pode buscar um fundo de ações. “Há opções que aplicam em ações e renda fixa e que podem combinar determinadas estratégias,” diz Braga.
Sinara acrescenta também à lista de opções os fundos de índices, os chamados ETFs, que podem aplicar, por exemplo, em índices do setor imobiliário, ou do setor financeiro, ou de consumo. “O ETF é uma oportunidade de diversificação em renda variável para quem tem menos recursos, e a corretora pode orientar o investidor para que ele monte uma carteira que se beneficie do momento atual,” afirma.
O Tesouro Direto, que já foi citado para quem tem o objetivo de curto prazo, continua sendo interessante para compor a parcela de renda fixa da carteira de longo prazo. A sugestão da superintendente de investimentos do Santander para quem optar pelo Tesouro é tentar adiar ao máximo o pagamento do imposto de renda. “É preciso ficar atento aos custos. O NTN-B, por exemplo, paga juros semestrais, sobre os quais o imposto já incide. O ideal é pagar no final,” diz.
A previdencia privada é uma outra modalidade de renda fixa que pode diversificar a carteira de longo prazo. “Dentro da previdência, existem opções moderadas e conservadora. Se a pessoa é mais agressiva, pode tomar um pouco mais de risco na previdência,” diz Angela, do Insper.
Nada de dólar e ouro
Ouro não é recomendado pela complexidade do produto e ausência de garantia de retorno no longo prazo
Os especialistas não recomendam investir o 13º salário em dólar o ouro, pelo fato de serem produtos de mercados muito complexos e voláteis. Neste momento, tanto a moeda norte-americana como o meta precioso vem registrando boa rentabilidade. Como são ativos considerados seguros, são buscados em momentos de incerteza. No entanto, se a situação externa se acalmar, podem devolver os ganhos, diz Angela.
“Eu nunca diria para alguém colocar o 13º em ouro,” diz José Inácio Franco, diretor da Reserva Metais, empresa que negocia ouro no mercado financeiro, “mas faz sentido colocar de 5% a 10% dos recursos totais no metal, para quem já possui capital investido,” acrescenta.
Os fundos imobiliários, assim como o ouro, também tem um ativo fixo, que é o imóvel. “Neste momento, estes fundos estão na mesma situação do ouro. Se as ações vão mal, produtos ligados a ativos reais tendem a ser mais buscados,” diz Angela. Mas são produtos que exigem dedicação do investidor para verificar quais são os imóveis que fazem parte do portifolio, acrescenta Braga, do Ibmec.
Os títulos de capitalização oferecidos pelos bancos também não são recomendados pelos especialistas, já que o retorno é mais baixo do que o da poupança, que é o produto financeiro menos arriscado do mercado.
Antes de investir, saia do vermelho
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É melhor sanar as dívidas do que investir o dinheiro do 13º, mas continuar pagando juros de cartão de crédito e cheque especial
Antes de investir em qualquer dos produtos mencionados acima, os especialistas recomendam que o trabalhador use o dinheiro para sanar suas dívidas, principalmente as de curto prazo e que têm incidência de juros altos. Além disso, é preciso planejar quanto vão custar os presentes de natal, as férias e as despesas de início de ano, como o IPVA.
Assim, é sempre melhor pagar as dívidas do cheque especial ou do cartão de crédito antes de investir. “Como as taxas cobradas ao credor são altas, não vale a pena colocar o dinheiro do 13º na poupança, por exemplo, e ficar pagando altíssimos juros do outro lado,” diz Sinara.
Mas os financiamentos feitos a juros baixos podem ser mantidas. “É o caso do crédito imobiliário, que é o mais barato de todos,” afirma a superintendente do Santander. Neste caso, vale a pena conseguir aplicar em um produto financeiro para conseguir um retorno que supere os juros pagos pelo empréstimo.