Recomenda a prudência que o PT e Dilma não acreditem muito nas juras eternas de amor feitas pelo PMDB. É bom também não dar crédito à afirmação de Michel Temer de que petistas e peemedebistas estarão no mesmo palanque nas disputas das principais capitais, pois têm “ uma aliança indestrutível”. O que a vida vem demonstrando é outra coisa: o PMDB está armando o bote para sair mais fortalecido do que o PT, nas eleições municipais.
Vejamos o caso da capital paulista, onde Marta Suplicy, possível candidata do PT na disputa da prefeitura, tinha como favas contadas que o PMDB estaria no seu palanque, indicando o vice de sua chapa e lhe assegurando um tempo televisivo imenso. Se o candidato for Mercadante, o sonho é o mesmo. Acontece que os planos do PMDB vão noutra direção. Ele quer voltar a ser uma força política no Estado, o que passa por ter candidato próprio em 2012 e em 2014, na disputa do governo estadual.
Este foi o sentido da pajelança realizada ontem, quando os principais caciques do PMDB se deslocaram para São Paulo para prestigiar o ato de filiação de Paulo Skaf. O presidente da FIESP é o mais um neo peemedebista. Nos próximos dias será a vez de Gabriel Chalita, o segundo deputado federal mais votado de São Paulo, ser entronizado no partido de Temer.
Não há conflito entre estas duas filiações que desidratarão o PSB paulistano. Os caciques peemedebistas aprenderam que lucram mais se atuarem unidos. Em sendo assim, já acertaram que Gabriel Chalita será candidato a prefeito e Paulo Skaf ao governo do Estado, em 2014. No caso de Chalita sua candidatura é coisa decidida e não passa de um sonho de uma noite de verão o desejo de Marta de tê-lo como seu vice.
Diga-se de passagem que uma candidatura própria do PMDB na disputa da prefeitura da capital não é ruim para o PSDB ou para o governador Alckmin. Concretamente, ela diminui o arco de alancas do principal adversário – o PT – além de inviabilizar um maior tempo televisivo para a candidatura petista. Historicamente, Chalita e Alckmin têm ótimas relações. Não se sabe, portanto, em qual palanque ele estará em um provável segundo turno entre o PT e o PSDB, se o candidato dos tucanos a prefeito da capital for alguém ligado ao governador.
São Paulo não é uma exceção. Em Belo Horizonte, o PMDB lançará a candidatura de Leonardo Quintão, que em 2008 deu um baita susto e levou a eleição para o segundo turno. Já o PT terá seu próprio palanque. A disputa entre os dois partidos irá se repetir em Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Manaus. Não vamos sequer falar de Recife, onde o PMDB, liderado por Jarbas Vasconcelos, quer distância do PT e de seus candidatos. Aqui os dois partidos são como água e óleo. Não se misturam.
O PMDB está armando o bote para se posicionar melhor, em qualquer situação. Seu objetivo de curto prazo é ser o partido com o maior número de prefeituras em todo o país. Avalia que com isto irá emparedar o PT, que no governo Dilma tem avançado na ocupação de espaços na máquina do governo federal, inclusive em áreas que antes eram privativas do seu principal aliado.
No médio prazo, os “profissionais” pemedebistas trabalham com dois horizontes: se o governo Dilma estiver bem avaliado e sua reeleição for uma grande possibilidade, o PMDB continuará em seu palanque, só que ampliando suas exigências. Caso a presidente esteja mal das pernas, os peemedebistas já têm o seu plano B: lançar um candidato próprio; Sérgio Cabral ou Michel Temer.
O PT que se cuide. O PMDB já afiou as unhas e está armando o bote.