- Acordo entre “alckmistas” e “serristas” para composição da Executiva Estadual do PSDB não é honrado pelas hostes do governador. Tucanos não saem unidos o suficiente na Convenção Estadual. Já sabemos quem está sorrindo à toa.
A divagação teórica é o gancho para refletir sobre o que acontece com o PSDB paulista, onde os tucanos entraram numa guerra sem fim, na qual o próprio governador Alckmin perdeu o controle dos seus radicais e não se mostra à altura das exigências que a história lhe faz neste exato momento.
Geraldo foi o avalista de um acordo que sacramentava a unidade dos tucanos paulistas na escolha de sua direção estadual, condição essencial para que a oposição encontrasse o seu rumo nacional e saísse unida, logo após a convenção nacional do PSDB, que irá escolher sua nova direção.
Pois bem. Selado o acordo, deu-se a convenção regional, que não sacramentou o acordo avalizado pelo governador, no qual os “alckmistas” indicavam o presidente do PSDB paulista e os “serristas” indicavam o secretário-geral, que seria o deputado federal Vaz de Lima. Sob o olhar complacente do governador, um dos secretários do seu governo, José Aníbal, roeu a corda e estimulou a candidatura de um nome que a sociedade nunca ouviu falar, para ser o secretário-geral do PSDB no seu principal reduto.
Trata-se de César Gontijo, cuja imagem apareceu na televisão por duas vezes sem que o dito cujo abrisse a boca. Apenas acenava a cabeça. Nesta quinta-feira, o novo Diretório Estadual decidiu que o que foi acordado não vale bulhufas e rifou Vaz de Lima. Por detrás da ópera bufa que busca colocar Serra em uma sinuca de bico, está o secretário do Governador, José Aníbal, que sonha ser o candidato dos tucanos a prefeito da capital.
O constrangedor desta história mesquinha é o apequenamento de Geraldo Alckmin, que ficou menor do que sua terra natal, a briosa Pindamonhangaba. Para esconder que não honrou o acordo firmado no fio do bigode, Alckmin encontrou uma saída que é um vexame. Comparou o processo autofágico do PSDB paulista com a disputa democrática entre Obama e Hillary Clinton.
Governador, nos poupe. César Gontijo é forjado por uma argamassa que nada tem a ver com Obama. Ele é produto daquela massa inodora, incolor e insípida formada na burocracia interna, que historicamente sempre gerou monstros. Citemos alguns mais remotos: Molotov, Béria e Ergov. E outros mais recentes: Delúbio Soares, Marcelo Sereno e Silvinho Land Rover.
O real é que por trás de Gontijo está o desejo de José Aníbal de ser o candidato a prefeito dos tucanos, seja qual for o preço a pagar. Mesmo que este preço seja expurgar do ninho tucano os “infiéis”. “Entre estes, podem ser incluídos José Serra, Aloysio Nunes e Alberto Goldman, os novos ‘heréticos” a serem jogados na fogueira.
Não é nada fácil para um partido forjar lideranças com projeção nacional. Com muito esforço e sacrifício, a socialdemocracia gerou uma das melhores lideranças da história recente do país: Fernando Henrique Cardoso. Ele foi rifado e ninguém, nem mesmo Serra ou Geraldo, defendeu o seu legado. Agora chegou a vez de Serra e seus principais generais.
A que nos levará esta autofagia? O fundamentalismo do novo presidente regional do PSDB, Pedro Tobias, de que quanto menor for o partido, mais puro ele será, é o passaporte para o gueto.
Se ficar restrita a uma disputa interna da nomenclatura, José Aníbal será o candidato a prefeito dos tucanos na capital paulista, mesmo se Serra, por hipótese, implorar de joelhos. O desfecho deste filme é previsível.
O PT agradece. Chalita também. Kassab mais ainda. O governador, quando acordar, descobrirá que criou um monstro que nem mesmo ele conseguirá controlar.
Mas o que se pode esperar de um político que alimenta a autofagia?
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