"A casa da família de Wellington ontem, antes de ser repintada"
'A culpa não é do Estado, a culpa não é dos parentes, a culpa não é das crianças, a culpa não é dos funcionários da escola. A dor é de todos. Nosso bairro é pacífico', diz o cartaz. Uma patrulha da Polícia Militar está estacionada em frente à casa para evitar que novos atos de vandalismo ocorram.
Até o dia do massacre, quando Wellington invadiu a escola com dois revólveres, entrou nas salas de aula e atirou na direção de crianças, a casa era ocupada pela família da irmã de Wellington, que desde então não foi mais vista.
A escola também passa uma limpeza. Garis da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) do município, começaram a limpar o interior da escola. Eles estão lavando as manchas de sangue nas paredes, portas, no chão das salas, corredores, escada e na entrada do prédio. A calçada do colégio continua tomada por flores, velas, cartazes e até brinquedos.
Transferência. O local continua fechado, e o acesso só é permitido a professores e funcionários. Pela manhã, dois responsáveis foram à escola pedir a transferência dos netos, mas ouviram do porteiro que talvez não fosse possível conseguir o documento nesta segunda-feira. Os pais que chegam para pegar as mochilas e material escolar das crianças estão sendo orientados a retornar a partir das 14 horas.
Ubiratan Soares, de 65 anos, disse que a neta, que estuda na Tasso da Silveira à tarde, não quer mais entrar no colégio e que por isso foi pedir a transferência da menina. 'Ela não quer mais voltar para essa escola. Ela não consegue dormir, fica vendo televisão a noite toda', desabafou.
Ana Maria Alves Pinheiro também foi hoje de manhã à Escola Tasso da Silveira pedir a transferência da neta de 13 anos e que, apesar de estudar à tarde, conhece as vítimas da tragédia. 'Ela está muito perturbada, fica chorando o tempo inteiro. Ela não dorme, ri à toa. Ela não está bem. A gente está precisando de um psicólogo', disse a senhora.
Noeli Rocha, mãe da menina Mariana, morta pelo atirador, foi à escola buscar o material escolar da filha, mas terá que voltar à tarde. 'Não é coisa de importância. É só uma mochila, mas para mim é importante. O que será que ela sentiu, eu não estava aqui para defendê-la. Eu ainda escuto minha filha me chamar', disse com a voz embargada.
Wellington Oliveira entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, na rua General Bernardino, em Realengo, zona oeste da cidade, e, com dois revólveres, entrou nas salas de aula e atirou na direção de crianças. Doze morreram e dez continuam internadas. As informações são da Agência do Brasil.