ABIDJÃ, Costa do Marfim - Helicópteros da ONU lançaram nesta segunda-feira mísseis contra um alvo nas proximidades da residência oficial de Laurent Gbagbo em Abdijã, depois de terem atacado duas bases militares na cidade, a maior da Costa do Marfim. As Nações Unidas afirmam ter resolvido agir após Gbagbo, que insiste em não deixar o poder após perder as últimas eleições presidenciais do país.
- Vimos dois helicópteros MI-24 da UNOCI (missão da ONU na Costa do Marfim) atirando quatro mísseis contra a base militar de Akouedo. Houve uma grande explosão e ainda podemos ver a fumaça - disse uma testemunha em Abidjã.
A base abriga três batalhões do exército de Gbagbo.
Em outra frente, centenas de soldados fiéis ao presidente eleito na Costa do Marfim, Alassane Ouattara, deram início nesta segunda-feira a uma nova tentativa de remover Gbagbo de seu reduto em Abidjã, sede do governo, maior cidade do país e capital financeira marfinense.
Um comboio formado por dezenas de veículos com tropas pró-Ouattara armadas com metralhadoras invadiram a cidade pelo norte, no que chamaram de "ataque final". Tiros e algumas explosões foram ouvidos minutos após eles terem atravessado os limites da cidade.
O comandante das forças pró-Ouattara, Issiaka "Wattao" Ouattara, disse que tinha 4 mil homens ao seu lado, e mais 5 mil já posicionados dentro da cidade. Perguntado quanto tempo ele precisaria para tomar Abidjã, Wattao disse que "pode levar até 48 horas para limpar a cidade."
Após se recusar a entregar o poder diante de sua derrota nas eleições de 28 novembro do ano passado, Gbagbo rejeita os resultados e acusa a ONU de ser parcial. Os confrontos que aconteceram desde então já deixaram mais de mil mortos, segundo ONGs. Ao menos 800 teriam sido mortos no vilarejo
A França enviará mais 150 militares ao país para proteger os civis, aumentando para 1.650 o total de soldados franceses no país. Temendo a violência, a ONU ordenou que seus funcionários fiquem refugiados no subsolo do prédio principal da organização em Abidjã, que permanece com ruas vazias nesta segunda-feira.
Depois de tomar o controle de maior parte do país, as forças de Ouattara encontraram resistência na cidade, onde as tropas de Gbagbo estão concentradas ao redor do palácio presidencial, da residência de Gbagbo e da TV estatal.