RIO — "Quando Picasso não tinha nenhum centavo no bolso para comprar tintas, sua necessidade de criar era tão grande que ele começou a pintar com carvão. Imagina se ele parasse de pintar porque não tinha orçamento para isso? Certas coisas precisam ser feitas, não importa como”.
É o que pensam
Frank Kalero, Isaac Niemand, TicoTico e Jealous Guy, algumas das múltiplas personalidades que o espanhol Francisco de Assis pode assumir. Trabalhando como diretor, curador, designer, DJ e fotógrafo — muitas vezes, ao lado do parceiro Isaac Niemand — além de dirigir uma revista de fotografia e coordenar outra de arte, Frank tem um nome diferente para cada função que executa.
— Caso eu falhe em alguma delas, minha reputação nas outras não será afetada — conta ele, rindo, durante sua passagem pelo Brasil.
As pessoas hoje em dia estão obcecadas com a tecnologia, como se ela fosse a chave da criação de algo bom, mas uma câmera não faz nada sozinha. Se você realmente quer fazer algo, vai encontrar uma maneira de fazer
Frank se tornou um especialista em produções de baixo orçamento. Vivendo metade do ano em Berlim e a outra metade na Índia, ele está sempre viajando pelo mundo, dividindo-se entre suas várias tarefas, apesar de a conta no banco estar constantemente no vermelho.
— Na Índia você aprende a ser pobre. Lá é praticamente impossível ganhar dinheiro, tudo funciona na base da troca de favores — diz.
Com uma câmera extremamente simples e executando as funções de diretor, editor, técnico de som e algumas vezes atuando, ele já realizou inúmeros documentários e videoclipes e atualmente prepara o seu primeiro longa de ficção.
— As pessoas hoje em dia estão obcecadas com a tecnologia, como se ela fosse a chave da criação de algo bom, mas uma câmera não faz nada sozinha. Se você realmente quer fazer algo, vai encontrar uma maneira de fazer.