O número de radares em funcionamento na capital cresceu 57,5% durante a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). Quando ele assumiu o governo, em janeiro de 2013, os motoristas que circulavam pela cidade eram fiscalizados por 587 equipamentos. Hoje, são 925 espalhados em ruas e avenidas de todas as regiões de São Paulo.
Nesse período, a Prefeitura registrou um aumento de 34% no número de infrações. Foram 11,8 milhões ano passado - 3 milhões a mais do que em 2013.
O total arrecadado com a fiscalização eletrônica cresceu 19% na mesma comparação. No ano passado, os cofres públicos municipais foram abastecidos com R$ 988,7 milhões provenientes de multas de trânsito. Para este ano, a previsão é ainda maior: R$ 1,1 bilhão.
Apesar dos números, a gestão Haddad argumenta que a expansão dos radares não pretende promover uma “indústria da multa”, mas colaborar com o programa municipal de proteção à vida. “Não há arrecadação de multa que compense de maneira nenhuma os mortos, feridos e prejuízos materiais associados aos acidentes de trânsito”, disse o petista durante o lançamento de um portal, no dia 24, que mostra os aparelhos e a relação das autuações dos últimos três anos.
Como faz parte da política municipal, a expansão da fiscalização eletrônica deve ser mantida por Haddad. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, mais equipamentos serão instalados de acordo com a necessidade. Atualmente, a zona sul é a que concentra o maior número de equipamentos - cerca de 35% do total.
Mapa
As vias mais movimentadas da capital são as mais fiscalizadas, segundo listagem oficial da Prefeitura. Quem circula pelas Marginais do Tietê e do Pinheiros, por exemplo, e pelas Avenidas 23 de Maio, Rebouças, Paulista, Celso Garcia, Sapopemba e a Radial Leste corre o risco de ser flagrado por diversas irregularidades, como trafegar em velocidade acima da permitida, avançar semáforo vermelho, invadir a faixa exclusiva de ônibus e executar manobra proibida.
Segundo balanço publicado recentemente pela Prefeitura, a multa por velocidade acima do limite é o tipo de infração mais cometida hoje, com cerca de 4,2 milhões de autuações, um terço do geral no ano passado.
O taxista Adaílson de Oliveira Brandão, de 44 anos, morador de Santo Amaro, na zona sul, faz parte das estatísticas deste ano. Ele foi autuado por um equipamento na esquina da rua onde mora por trafegar acima da velocidade. “Antes disso eu não tinha uma multa.
Neste ano, eu levei duas de velocidade”, conta Brandão. A via teve a velocidade reduzida de 50 km/h para 30 km/h. Ele diz que não havia placas informando a mudança e que trafegava a 47 km/h no dia em que foi fotografado por um equipamento na Rua Domingos da Rocha Meira. Depois da multa e da reclamação que fez ao Departamento de Trânsito, a placa foi instalada.Invasões ao corredor de ônibus da Avenida Atlântica, na Cidade Dutra, também na zona sul, já fizeram o consultor de tecnologia de informação David Ribeiro Ferreira, de 33 anos, ser multado duas vezes em R$ 191,54 e perder 14 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH): a infração é considerada gravíssima.
“A gente tenta se policiar, mas esses radares são armadilhas. Eles (agentes da CET) posicionam os aparelhos estrategicamente para pegar a gente desprevenido. É má-fé da Prefeitura”, afirma.
Política. Para o médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior, chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), a ampliação dos equipamentos de fiscalização é necessária, mas deve estar acompanhada de outras políticas públicas.
“Acho de grande valia os equipamentos e o crescimento deles. Mas não dispenso a necessidade de recursos humanos nas vias públicas e nas esquinas para fazer uma fiscalização ostensiva”, diz. Segundo ele, agentes da CET e homens da Polícia Militar poderiam atuar como mediadores entre motoristas, motociclistas e pedestres.