À Assange, muito anos de vida, livre
Por: Maria Luiza Franco Busse, jornalista e diretora de Cultura da ABI
Julien Assange completa hoje, dia 3 de julho, 51 anos de vida e 12 de perseguição político-midiática e tortura emocional e psicológica que afetaram e seguem comprometendo seu bem-estar físico e orgânico. O jornalista e ativista digital, pacifista e democrata, está condenado a 175 anos de prisão pelas leis dos Estados Unidos por revelar a verdade sobre a atuação imperialista bélica desse país no Iraque e no Afeganistão, a partir de 2001.
Após sete anos de exílio na embaixada do Equador na Inglaterra, em 2019 Assange teve a cidadania equatoriana revogada pelo golpista e então presidente Lenin Moreno que o entregou à polícia metropolitana londrina. Desde então, Assange está sob custódia da Scotland Yard, na prisão masculina de segurança máxima de Belmarsh, em Thamesmead, sudeste de Londres, onde ainda se encontra recorrendo à extradição já autorizada para o Estados Unidos.
A deportação seria uma profunda e perigosa ferida no princípio do ofício do jornalismo que é desvendar mentiras que pretendem se afirmar e eternizar como verdade. Um flanco de difícil resistência para a liberdade de imprensa, para o exercício responsável da profissão e o consequente direito da sociedade de ser informada sobre assuntos que dizem respeito direto às suas vidas e cotidiano. Segundo Trivinho, o encarceramento “por atos de desvelamento de informações ocultas, se subordina ao (ou mantém afinidade com o) de prisioneiro de consciência. Ambos, por sua vez, se enquadram no de preso político”. Assange condenado efetiva a figura do “preso político típico da cibercultura, a civilização cujo desenvolvimento social depende da utilização de tecnologias digitais e redes interativas em todos os setores”, adverte o professor, lembrando que a expressão Prisioneiros de Consciência foi cunhada em 1961 pelo advogado inglês Peter Benenson que defendia perseguidos por atividades pacifistas.
Nesta data de hoje tão cara a Assange, sua família, amigos, e ao direito das jornalistas e dos jornalistas trabalharem com a liberdade ética de informar a verdade, ativistas de todo o mundo estão unidos na campanha #FreeAssange. O ex-presidente Lula também está engajado e, junto com os prêmios Nobel Mairead Maguire e Adolfo Perez Esquivel, indicou Assange ao prêmio Václav Havel do Conselho da Europa. Lula justificou dizendo:_ “Nós, que estamos aqui falando de democracia, precisamos perguntar: ‘que crime o Assange cometeu?’. É o crime de falar a verdade, mostrar que os EUA, por meio de seu departamento de investigação, sei lá se da CIA, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive a presidenta Dilma Rousseff”. Desde 1949, o Conselho da Europa, com sede em Estrasburgo, França, premia defensores dos direitos humanos, da democracia e do Estado de direito. O vencedor será conhecido em outubro e receberá 60 mil euros, troféu e diploma. A propósito, é oportuno lembrar que quando teve início a perseguição a Assange o então ainda primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, declarou que “a prisão de Assange é contra a democracia que alguns países se ‘orgulham’ de ter”.
Liberdade para Julian Assange
Hoje, dia 3 de julho, é aniversário do jornalista Julian Assange. Seu presente maior será a liberdade. Afinal, fazer jornalismo não é crime.
A ABI se junta à campanha pela Liberdade de Julian Assange.
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