Desde fevereiro, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da Universidade de São Paulo (USP) está aberta para o público com a exposição sensorial “Toque”, que, por meio de 255 obras táteis, convida os visitantes a se relacionar com autorretratos feitos pelas mais diversas pessoas.
Agora, além de prorrogar o fim da exposição para 25 de abril, a instalação contará com três debates, que buscarão aprofundar as discussões trazidas pelos seus eixos temáticos. O ciclo de debates “Olhares Transversos – Programas Públicos” acontecerá ao longo do mês de março. As próximas sessões, gratuitas, ocorrerão nos dias 20 e 27, sempre às 14h.
A mostra, desde o início, chamou a atenção não somente pelo tema, mas por ir além do modo tradicional de se absorver o significado da obra ao observá-la. Inteiramente composta por autorretratos produzidos por pessoas que não necessariamente possuem formação artística, videntes e sem visão e pacientes psiquiátricos, entre outros, ela coloca todos lado a lado, como humanos, e sugere que o visitante explore toda a extensão dos trabalhos por meio do tato.
Tema
Na tentativa de destrinchar a complexidade temática, o artista plástico Hélio Schonmann, criador da mostra, convidou a professora Lilian Amaral, doutora em Artes Visuais pela USP, para promover a curadoria de três mesas de debate.
“Esperamos que as pessoas possam participar, usufruir e opinar. Menos do que debate, o que propomos é que as pessoas se sintam convidadas a vir conversar. É uma oportunidade de fala e de escuta coletiva”, afirma Lilian.
Nesse evento, psicólogos, pedagogos, terapeutas ocupacionais e historiadores discutirão os pontos de encontro entre a arte e a terapia. Será abordada também a criação de um Memorial da Convivência Criativa, iniciativa ainda em desenvolvimento que pretende reunir as memórias de 30 anos de políticas públicas que envolvem arte, saúde e cultura simultaneamente.
“Não existe um precedente anterior à ideia desse tipo de memorial. Ele pressupõe criar uma plataforma on-line, com eventos, atividades, cursos e palestras, feitos ao longo de três décadas, sobretudo nos Centros de Convivência e Cooperativa, em São Paulo”, destaca Lilian.
Mediação
No dia 20 de março, será realizada a segunda mesa de discussões. Nela, especialistas vão analisar pesquisas e práticas de agentes do campo da arte e da filosofia, relacionadas à integração e à acessibilidade dessas áreas do conhecimento. A mediação será feita por Schonmann, que, além de ser o curador responsável pela mostra, colabora na coordenação do ciclo.
No encerrando do ciclo “Olhares Transversos – Programas Públicos”, em 27 de março, o encontro proporá uma reflexão sobre a arte como mediadora entre as esferas do indivíduo, da cultura e do ambiente. Com a participação de artistas, arte-educadores, terapeutas e ambientalistas, a mesa terá a coordenação da professora Lilian.
“Esperamos que, com essa oportunidade que nos foi dada pela USP, o ciclo de debates possa mobilizar discussões sobre as pautas urgentes de política pública que a exposição ‘Toque’ atinge, e que ganhem um alcance qualificado proporcionado pelo ambiente universitário”, conclui Lilian.
Nenhum comentário:
Postar um comentário