O cultivo do feijão, alimento fundamental na mesa dos brasileiros, depende diretamente do volume de chuvas, e a seca pode causar grandes perdas na safra. Uma nova variedade desenvolvida por pesquisadores brasileiros, no entanto, precisa de menos água para crescer, diminuindo assim o impacto causado pela estiagem.
O novo feijão-carioca já está sendo cultivado há um ano e, segundo o coordenador do projeto, Alisson Fernando Chiorato, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a variedade chamada de IAC Imperador apresentou boa tolerância à recente estiagem nas lavouras paulistas e mineiras.
"Com a atual seca, muitos agricultores tiveram que trabalhar com irrigação reduzida, pois tinham pouca água nos açudes, mas mesmo assim essa variedade correspondeu em produtividade", afirma Chiorato.
A descoberta garante a produção do grão típico da culinária brasileira mesmo em períodos de seca. Em média, cada brasileiro consome 17 quilos de feijão por ano. O alimento é rico em proteínas, carboidratos, fibras, vitaminas, ferro, cálcio e outros minerais.
Economia de água e energia
A variedade mais resistente precisa de 30% menos água, além de reduzir os gastos com a energia elétrica usada nos sistemas de irrigação. A economia ocorre devido à diminuição do ciclo de cultivo. Enquanto o do feijão normal é de em média 95 dias, o do IAC Imperador é de apenas 75.
Além disso, a planta desenvolvida possui uma raiz mais robusta, o que possibilita a extração de água e nutrientes do solo e em maiores profundidades.
A falta d'água no cultivo do pé de feijão reduz a qualidade do grão, que nasce murcho e escuro ou morre. Para cada dia em que o feijão fica a mais no campo em períodos de pouca chuva, as perdas na safra podem chegar diariamente a 74 quilos por hectare.
Além disso, a nova variedade é resistente à antracnose – principal doença que ataca as folhas da planta – e também à murcha-de-fusarium – fungo que leva o pé à morte.
O feijão IAC Imperador foi desenvolvido a partir do cruzamento de linhagens, utilizando o banco de germoplasma do próprio instituto e linhagens genéticas desenvolvidas no Centro Internacional de Agricultura Tropical em Cali, na Colômbia.
Os estudos para desenvolver a nova variedade de feijão começaram em 2009. Atualmente, 28 empresas já estão produzindo as sementes.
Feijão para todos
O engenheiro agrônomo Alcido Elenor Wander, da Embrapa, vê com bons olhos o desenvolvimento de variedades de feijão mais produtivas e que necessitam de menos água para o cultivo.
Essas novas variedades possibilitam o cultivo do grão, principalmente em regiões que sofrem com longos períodos de estiagem, garantindo a segurança na produção e diminuindo os custos no processo, afirma Wander.
A diminuição de safras causada por fenômenos climáticos tende a aumentar o preço final do produto nas prateleiras de mercados. Como o novo feijão, esses impactos são reduzidos e garantem a produção.
O pesquisador da Embrapa lembra que o feijão é uma importante fonte de proteína, principalmente entre a população mais carente.
"Nas regiões mais carentes, como é o caso do semiárido, o consumo regular de feijão tem uma importante contribuição na melhoria do estado nutricional e, com isso, da qualidade de vida das pessoas", acrescenta Wander.
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