GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

ROBSON MARINHO É AFASTADO DO TCE PELA JUSTIÇA


Robson Marinho, é uma das figuras importantes do sistema político gerado no entorno da sigla PSDB, cuja história política tem nuances de beleza, mas que está sendo coroada pela acusação de corrupção e enriquecimento ilegal.
Robson, foi eleito prefeito em São José dos Campos aos 37 anos em 1982, tendo como vice o Professor Hélio Augusto de Souza, uma figura respeitada que trazia na testa o carimbo de cidadão social, preocupado com o desenvolvimento do ser humano. A presença do Hélio, do meu amigo Hélio Augusto, que à época presenteou-me com o livro de autoria de Dom Evaristo Arns, intitulado “Brasil nunca mais”, dava à candidatura do Robson a prefeito, um ar de seriedade. À época eu fui candidato a vereador e obtive votação expressiva que me deixou na segunda suplência da enorme bancada de vereadores eleita pela legenda do MDB. A bancada era de respeito com pessoas como Fernando Delgado, Nadin Rahal, Dr. Escada, Luiz Paulo Costa, João Bosco, Tereza Degáspere, primeira mulher a ser eleita vereadora na cidade, e assim eu acabei assumindo em diversas ocasiões a cadeira de vereador naquela legislatura de 1982 a 1988.
Convivi estreitamente com o Robson que usava como bandeira de campanha o slogan “Honestidade e luta”. Não se imaginava que mais tarde pudesse ele ser acusado de corrupção e enriquecimento ilegal no exercício de cargo público. A nossa proposta era acabar com a corrupção que à época já era preocupação nacional.
O Professor Hélio faleceu no quarto ano de governo de Robson, vitimado por um câncer no abdome que o transformou em uma triste figura que na última vez que o visitei estava quase inerte numa cadeira de varanda, e dormia e acordava enquanto falávamos. Tinha alguns lampejos de lucidez e outros de sonolência dopado por remédios fortes. Faleceu dias depois sob os cuidados do Dr. Othon Ferreira Maldos, simpatizante da nossa luta, médico muito querido que ainda atua em São José dos Campos como gastrologista.
A morte prematura de Hélio pode ter alterado a caminhada do Robson que, muito audacioso, assim como o Aécio, conseguiu galgar postos importantes na hierarquia do MDB de Quércia, Montoro, Ulisses, Almino Afonso, Mário Covas, Severo Gomes, e outros. Robson teve como padrinho de casamento ninguém menos que o patriarca Ulisses Guimarães, estreitou laços com Montoro e Mário Covas, assim tornou-se chefe da casa civil do Mário Covas, que substituiu Montoro no governo de São Paulo. Foi ali que tudo aconteceu, segundo as publicações da imprensa em geral extraídas de dados do processo que apura o desvio de milhões de dólares na negociação sobre a construção do metrô paulistano. As acusações mostram um patrimônio excessivamente alto para os padrões salariais de Robson em todos os cargos que ocupou. Ilha particular em Angra, casas milionárias em Ubatuba, Morumbi, e muito mais, em dinheiro fora do país. Robson vem há décadas exercendo o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo e tem como principal atribuição julgar as contas e contratos de todos os poderes públicos estaduais. Contas de prefeitos, presidentes de câmaras e de todas as instituições que operam recursos públicos no estado. É cargo vitalício, que permite aposentadoria integral de bom salário. A justiça acaba de determinar o afastamento de Robson do cargo de conselheiro do TCE, por entender que o processo a que responde não lhe permite seguir julgando as contas de outros políticos. 
Ouvido pela imprensa, ele insiste em dizer que que não fez nada errado, mas a justiça, movida pelo ministério público estadual que está subordinado ao governo do PSDB, seu partido, não acredita e nem aceita as suas ponderações e joga pesado em relação ao acusado.
Em princípio, ninguém pode ser considerado culpado antes do julgamento final das acusações, mas há casos em que a justiça aplica antecipadamente a pena por cautela. Robson, aquele que foi meu líder político há 32 anos, está em grandes dificuldades e pode ser um dos casos de punição que dá ao brasileiro a esperança de que o Brasil tem jeito. 
Robson pode ser uma vítima da falta de vigilância do próprio sistema político que deveria ter sido melhor vigiado pelos deputados estaduais da época. Se os deputados estaduais estivessem atentos na sua missão de fiscais do poder executivo, certamente não levaríamos 32 anos para descobrir os abusos praticados na compra de um metrô que é muito importante para a vida do paulistano, mas que poderia ter custado muito menos do que custou aos cofres públicos. Temos que eleger deputados que queiram ajudar o Brasil a ser menos vitimado. Em 1983 Robson prefeito teve comigo um atrito porque eu, na qualidade de vereador não aceitei votar a favor de verbas para o time de futebol profissional da cidade. Tivemos um bate-boca que não é segredo, mas eu não me deixei vergar pelo poder do prefeito e o projeto foi retirado da pauta. Seguimos amigos até que o destino nos separou pela própria evolução do amigo Robson que ocupou cargos mais altos e de difícil acesso.
Eu sigo no mesmo caminho político dos que não conseguem conviver pacificamente com as mazelas do poder, mas estou feliz por não ter que, aos 70 anos, responder processos de tamanha gravidade. Talvez eu não resistisse uma vergonha desse porte.
Resolvi ser candidato a deputado estadual justamente para fazer o que os deputados à época não fizeram e nem fazem até hoje.
Quero, ser um fiscal do governo, sem ser oposição e nem situação, mas independente e eficiente no mister de fazer novas leis e fiscalizar os atos e contratos públicos para que sejam sempre praticados na conformidade da lei e da moralidade.
Uma pena que o meu parceiro dos velhos tempos tenha se perdido pelo caminho. Ele poderia ser uma das grandes figuras da história política brasileira, porque tinha todas as qualidades necessárias, como carisma, inteligência e poder de convencimento. Uma pessoa que poderia ser um grande ídolo e pode acabar como um vilão da moderna história política brasileira. Será verdade que o poder corrompe?
Os que me achavam idiota por querer ver o fim da corrupção podem estar me dando razão mesmo que o reconhecimento possa ser tardio. O Brasil precisa livrar-se da corrupção assim como do tráfico de drogas. São duas pragas nacionais que impedem o país de respirar e de desenvolver na sua própria democracia conquistada com muito sacrifício.


Por: João Lúcio Teixeira

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