GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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domingo, 29 de setembro de 2013

Política Os dois caminhos de José Serra Tucano irá adiar até o prazo limite sua decisão sobre o ingresso no PPS para disputar a Presidência. Se optar pelo PSDB, ele pode acabar na Câmara

José Serra na missa de sétimo dia de Roberto Civita
A próxima semana é decisiva para o futuro político do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). Será a última oportunidade para o tucano trocar o PSDB pelo PPS, onde teria a garantia de entrar na briga pela Presidência da República, já que o senador Aécio Neves (MG) é o provável escolhido do seu atual partido para disputar o cargo.
O histórico de Serra mostra que ele costuma tomar decisões importantes em cima da hora. Mas, dessa vez, não há muita margem para protelação: o tucano precisa estar filiado à nova sigla em 5 de outubro, exatamente um ano antes do primeiro turno das eleições de 2014. O eventual ingresso no PPS, que já se mostrou receptivo à filiação do ex-governador, seria imediato. Mas o processo de desfiliação do PSDB levaria, pelo prazo legal, até dois dias. Isso obriga o tucano a acelerar sua tomada de decisão se quiser disputar a Presidência pela terceira vez.
Serra, que tem feito poucas aparições públicas, manteve contato com aliados próximos nos últimos dias. Mas, mesmo para eles, o destino do ex-governador é uma incógnita. "O que eu sei é que ele quer derrotar o PT", diz o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). O companheiro de partido diz que o amigo ainda avaliava, no fim da última semana, o rumo a tomar.
Parte da hesitação de Serra vem da falta de incentivo para trocar de legenda: ele chegou a convidar o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) para ser seu vice na virtual chapa presidencial. Mas o parlamentar não se empolgou com a ideia, o que dificultou as conversas. "Meu caso já está resolvido: eu fico no PSDB", diz Alvaro Dias.
Para o senador paranaense – que Serra queria ter tido como vice já nas eleições de 2010 – a tática de Serra de manter o suspense é natural. "É sua marca esgotar todo o tempo disponível para decidir. Ele nunca decide antecipadamente, não é precipitado."
Peso – O tucano também pretendia levar consigo deputados federais, para dar peso à sua candidatura. O projeto, entretanto, parece hoje improvável de se concretizar, o que não parece incomodar Roberto Freire, presidente do PPS: "Ele pode vir sozinho, se for o caso. Ele já tem peso suficiente, até porque deputado hoje em dia vai para quem oferece benesses", afirma ele.
A última demonstração de imprevisibilidade de Serra foi pouco antes da disputa pela prefeitura de São Paulo, no ano passado, quando o tucano chegou a emitir sinais de que não participaria do pleito. Diante disso, o PSDB deu início às prévias para escolher o candidato. Logo depois de os nomes terem sido listados, Serra decidiu entrar na disputa. Com exceção de José Aníbal e Roberto Trípoli, os escolhidos pelo partido desistiram da candidatura para dar espaço ao ex-governador, que acabou derrotado por Fernando Haddad (PT) nas urnas.
Essa foi a segunda derrota seguida de Serra, após perder a Presidência da República para Dilma Rousseff, em 2010. A má fase de Serra se prolongou até abril de 2013, quando seu grupo político perdeu as eleições para presidente do diretório do partido na cidade de São Paulo, que elegeu Milton Flavio, aliado de José Aníbal.
São, portanto, alguns sinais de que o capital político de Serra está em declínio. Mas os correligionários do tucano argumentam que, nas pesquisas eleitorais para presidente, ele tem tido resultados mais consistentes do que os de Aécio Neves, o nome provável do partido para disputar a corrida presidencial.
Alternativas – Se ficar no PSDB – o que é visto como o cenário mais provável por tucanos paulistas –, Serra ainda tem a chance de articular sua candidatura às eleições para presidente da República. Aécio Neves, que tem o comando da legenda, já prometeu se submeter a prévias. O ex-governador de São Paulo, por sua vez, cobrou igualdade de condições, em uma declaração que deixou claro seu interesse pelo posto de candidato pelo PSDB. "Eu gostaria de saber quais são as condições dessas prévias: eu me refiro à abrangência de participação, aos prazos, às condições de competitividade, que deveriam ser iguais entre todos", disse o tucano, em 21 de agosto.
Alvaro Dias não acredita que Serra se submeterá às prévias porque o partido já está nas mãosde Aécio: "Falar em prévias agora é falso. Seria uma inversão do processo porque primeiramente se anunciou um candidato e o partido foi entregue a ele", diz o senador.
Sem candidatura à Presidência, Serra também não teria espaço na disputa ao governo estadual, já que seu aliado Geraldo Alckmin se prepara para disputar a reeleição. Restaria o Senado, que irá abrir uma vaga – a do petista Eduardo Suplicy – a ser disputada nas eleições de 2014. Serra seria um nome com cacife para brigar pelo posto. Surge, entretanto, outro problema: tudo leva a crer que a disputa pelo governo estadual em 2014 será dura para Alckmin. Ter uma aliança ampla é essencial. E a candidatura ao Senado é um dos principais postos que partidos aliados podem pleitear. A presença de Serra nesse posto poderia prejudicar a formação de alianças.
Por isso, há correligionários que defendem um projeto mais modesto para Serra: a disputa de uma vaga na Câmara dos Deputados. Seria uma aposta segura, com a vantagem de que as regras eleitorais permitiram eleger, com seus votos, outros parlamentares. José Serra, entretanto, resiste em abrir mão do sonho de ser presidente da República. Ao mesmo tempo, aos 72 anos, ele sabe que uma nova derrota pode reduzir drasticamente seu capital político. É esse dilema que o ex-governador terá de resolver nos próximos dias.

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