Mais de 30 viaturas da Polícia Militar e do Batalhão de Choque fazem o patrulhamento no entorno da Cidade do Rock. Durante o show do grupo Evanescence, um grupo de 30 pessoas tentou derrubar uma das grades que cercam o local. De acordo com o major Assis, para conter o tumulto, foram usadas bombas de gás lacrimogêneo. Policiais que faziam o patrulhamento a cavalo chegaram a disparar balas de borracha. “Não vi quem fez o disparo. Só ouvi os estampidos”, informou o major.
Uma das balas atingiu a mão da estudante Ana Olivetti, de 21 anos, que prestou queixa no container da Polícia Civil. O namorado dela, o estudante Daniel Levy, de 23, disse que os dois estavam do lado de fora do festival quando a confusão começou. “Nós dois estávamos com ingressos. Ela entrou primeiro e foi furtada. Quando saiu para fazer uma ocorrência, não conseguiu entrar novamente. Aí, decidi vender meu convite e assistir o show com ela do lado de fora. Foi quando a confusão começou”, explicou o rapaz, que mora no Recreio, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O menor D., de 17 anos, estava dentro da Cidade do Rock, mas próximo à grade na hora em que a confusão começou. “Meus amigos e eu levamos spray de pimenta na cara. Não estava entendendo o que estava acontecendo”, contou.
O juiz de plantão, Marcelo Rubioli, assistiu toda a ação. “As pessoas querem entrar de qualquer jeito. Tem gente que vem até aqui dizendo que foi furtado e na verdade, não foi. Eles dizem que foram vítimas, mas estão com celular, carteira no bolso e óculos da moda. As pessoas fazem isso para entrar no festival, mas é bom lembrar que falsa comunicaçãode crimes também é crime”, observou.
Marcelo contou que viu alguns feridos durante a confusão com a Polícia Militar. E Marcelo faz mais uma observação: “Acho muito estranho em sete dias de show com 100 mil pessoas em cada dia, só existirem duas ocorrências relacionadas a drogas”, ponderou Marcelo.
O juiz disse que, como o evento é controlado por uma firma privada de segurança, a recomendação é que os seguranças conduzam os usuários de drogas até o container da Polícia Militar instalado do lado de fora da Cidade do Rock. “Os seguranças não têm mesmo poder de polícia. Mas o mínimo que se espera é que eles ajam da forma correta, que é encaminhar as pessoas que estejam usando entorpecentes até as autoridades. Pode ser a Polícia Militar ou até mesmo o Jecrim”, informou Marcelo.
Trezentos homens da Polícia Militar estão no entorno da Cidade do Rock. Segundo um inspetor da Polícia Civil, até a meia-noite, foram registrados 117 furtos, um roubo e 7 extravios de documentos.
Mais cedo, essas mesmas pessoas tentaram invadir a Cidade do Rock e foram contidas com spray de pimenta. “Fomos acionados pela segurança local, mas o tumulto já estava formado. Jogamos o spray para dissipar o grupo, mas vamos manter a vigilância porque eles podem voltar”, disse ao UOL o soldado Gleyco do Batalhão de Choque.
A confusão aconteceu durante o show do Detonautas, depois que um homem pulou a grade de proteção e foi contido por um segurança do festival. Logo depois, um grupo começou a balançar as grades para poder entrar, sendo atingidos pelo spray de pimenta. Com o vento que fazia na Cidade do Rock, o gás se espalhou e as pessoas que chegavam ao local começaram a correr assustadas, com as mãos no rosto.
“Eu nunca tinha visto isso na minha vida. Uma fumaça branca e as pessoas correndo, fiquei apavorado, meus olhos doeram e fiquei com falta de ar. Fui tomar um copo d’água no posto médico, mas os enfermeiros negaram, dizendo que era só para medicação”, disse o estudante Rodrigo Ribeiro, de 23 anos, que chegava ao local.
O ator Thiago Rodrigues também entrava na Cidade do Rock no momento. “Foi uma confusão, voou spray nos meus olhos e ardeu muito”, disse ao UOL o ator que se dirigia a um dos camarotes do evento.