GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

domingo, 29 de agosto de 2021

Resiliência: Significado, O que é, Definição, Conceitos. 3 Tipos de Resiliência

A resiliência é uma competência essencial para qualquer ser humano, está diretamente relacionada a capacidade de lidar e de transpor adversidades e obstáculos impostos pela jornada da vida.

Pessoas resilientes conseguem enxergar as situações adversas por uma ótica mais otimista, buscam aprender com as falhas e perdas, superam e seguem em frente.

O que é resiliência? Qual o significado da palavra resiliência? Para que serve e como ser uma pessoa resiliente? São dúvidas que passam pela cabeça de muitas pessoas.

Neste artigo faço uma descrição objetiva sobre a resiliência, uma das competências mais importantes para o processo humano de superar e vencer obstáculos, principalmente em condições desfavoráveis. Lia o artigo até o final e torne-se uma pessoa resiliente.

Por José Sérgio Marcondes
Especialista, Professor e Consultor em Segurança Privada
CEO/Diretor do IBRASEP

O que é Resiliência?

Resiliência é a capacidade universal que possibilita a pessoa, grupo, corporação ou comunidade de prevenir, minimizar ou superar os efeitos nocivos das adversidades, dos problemas e de fatos negativos, inclusive saindo dessas situações fortalecida ou até mesmo transformada, porém não ilesa.

A resiliência está ligada a capacidade de adaptação, flexibilidade e habilidade de manter-se estruturado perante à situações negativas.

A palavra resiliência usualmente é utilizada para se referir capacidade que um indivíduo ou organização tem de superar momentos ou situações difíceis e principalmente a capacidade de enfrentar essas situações e outras adversidades.

No Brasil, o uso do conceito de resiliência é recente. Segundo Melillo (2005) é “a capacidade humana para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado por experiências de adversidade”.

O mesmo autor também afirma que a resiliência tem como papel desenvolver a capacidade humana de enfrentar, vencer e sair fortalecido de situações adversas, ficando transformado.

Para Flach (1991, apud Pinheiro, 2004) o uso do termo vem de 1966, visando descrever as forças psicológicas e biológicas exigidas para atravessar com sucesso as mudanças na vida, e sua ideia é que a pessoa resiliente tem habilidade para reconhecer a dor, perceber seu sentido e tolerá-la até resolver os conflitos de forma construtiva para si mesmo.

Autores mais recentes entendem resiliência como um “processo dinâmico em que as influências do ambiente e do indivíduo interatuam em uma relação recíproca, que permite à pessoa se adaptar, apesar da diversidade” (Melillo, 2005).

Quais os Tipos de Resiliência?

De acordo com Garcia existem três tipos de resiliência, a emocional, a acadêmica e a social.

  • Resiliência Emocional – relaciona as experiências positivas que levam a sentimentos de autoestima, autoeficácia e autonomia, que capacitam a pessoa a lidar com mudanças e adaptações, obtendo um repertório de abordagens para a solução de problemas;
  • Resiliência Acadêmica – engloba a escola como um lugar onde habilidades para resolver problemas podem ser adquiridas com a ajuda dos agentes educacionais;
  • Resiliência Social – envolve fatores relacionados ao sentimento de pertencimento, supervisão de pais e amigos, relacionamentos interpessoais, ou seja, modelos sociais que estimulem a aprendizagem de resolução de problemas.

Quais as Características das Pessoas Resilientes?

As pessoas resilientes são aquelas que conseguem enxergar as situações adversas por uma ótica mais otimista, buscam aprender com as falhas e perdas, superam as dificuldades e perdas, e seguem em frente.

Elas apresentam características básicas como: autoestima positiva, habilidades de dar e receber em relações humanas, disciplina, responsabilidade, receptividade, interesse, tolerância ao sofrimento e muitas outras (Barreira & Nakamura, 2006).

Um dos primeiros autores a discutirem sobre o conceito de resiliência foi Frederic Flach, que em 1966 afirmou que para uma pessoa ser resiliente, dependerá de sua habilidade de reconhecer a dor pela qual está passando, perceber qual o sentindo que ela tem e tolerá-la durante um tempo até que seja capaz de resolver esse conflito de forma construtiva.

O autor complementa que o termo não se relaciona somente com aspectos psicológicos, mas também aos aspectos físicos e fisiológicos (Flach, 1991).

É importante salientar que a resiliência não pode ser considerada um escudo protetor, que fará com que nenhum problema atinja essa pessoa, a tornando rígida e resistente a todas as adversidades. Não existe uma pessoa que É resiliente, mas sim a que ESTÁ resiliente.

Esse é um processo dinâmico, e as influências do ambiente e do indivíduo relacionam-se de maneira recíproca, fazendo com que o indivíduo identifique qual a melhor atitude a ser tomada em determinado contexto (Pinheiro, 2004).

Quais são os 4 Fatores da Resiliência?

Grotberg (2005) identifica fatores resilientes e os divide em quatro categorias: “eu, tenho”, e “eu posso”, “eu sou” e “eu estou”.

  1. Eu tenho:
  • Pessoas do entorno em quem confio e que me querem incondicionalmente;
  • Pessoas que me põem limites para que eu aprenda a evitar os perigos ou problemas;
  • Pessoas que me mostram, por meio de sua conduta, correta de proceder;
  • Pessoas que querem que eu aprenda a me desenvolver sozinho;
  • Pessoas que me ajudam quando estou doente, ou em perigo, ou quando necessito aprender.

2. Eu posso:

  • Falar sobre coisas que me assustam ou inquietam;
  • Procurar a maneira de resolver os problemas;
  • Controlar-me quando tenho vontade de fazer algo a maneira errado ou perigoso;
  • Procurar o momento certo para falar com alguém;
  • Encontrar alguém que me ajude quando necessito.

3. Eu sou:

  • Uma pessoa pela qual os outros sentem apreço e carinho;
  • Feliz quando faço algo bom para os outros e lhes demonstro meu afeto;
  • Respeitoso comigo mesmo e com o próximo.

4. Eu estou:

  • Disposto a me responsabilizar por meus atos;
  • Certo de que tudo sairá bem

O que fazer para ser uma Pessoa Resiliente?

É uma das principais dúvidas que muitos querem esclarecer, porém é importante salientar que não existe magia nesse processo, trata-se de um aprendizado contínuo de autoconhecimento e ao mesmo tempo de autodesenvolvimento.

Um ponto em comum entre as diferentes descrições de resiliência é que o processo psicológico da resiliência se desenvolve ao longo da vida, principalmente levando em conta os fatores de risco (eventos estressantes, ameaças e etc.) comparados com os fatores de proteção (forças, competências e etc.), que definirão para qual lado o sujeito se inclina mais: se o da vulnerabilidade ou da resiliência (Trombeta e Guzzo, 2002 apud Pinheiro, 2004).

Outra observação muito importante realizada por Melillo (2005) é a de que “todos os sujeitos que se tornaram resilientes tinham pelo menos uma pessoa (familiar ou não) que os aceitara de forma incondicional, independentemente de seu temperamento, aspecto físico ou inteligência”.

A existência ou inexistência de resiliência em um indivíduo dependerá da interação dele com seu entorno humano (Melillo, 2005).

Como ser Resiliente?

Assim, nota-se como o surgimento da resiliência é resultado, também, de uma interação, da relação do sujeito com seu entorno humano. Sem essa relação a criança não conseguiria sua condição de ser humano, em primeiro lugar, como relatado por MacLean (1977, apud Melillo, 2005):

MacLean (1977) relatou o caso de duas crianças que, em 1922, numa aldeia bengali, foram resgatadas de uma família de lobos que as tinha criado, longe de todo contato humano.

A maior tinha 8 anos e a menor, 5; esta logo faleceu e a maior viveu dez anos junto com outros órfãos.

As crianças não andavam sobre os dois pés e, sim, de quatro, rapidamente.

Tinham hábitos noturnos, rechaçavam o contato humano e preferiam estar com os cachorros ou com os lobos. Não falavam nem mostravam expressões nos rostos.

Eram sadias e sua separação dos lobos lhes produziu uma profunda depressão, inclusive a morte da menor. A família que cuidou da sobrevivente nunca a sentiu verdadeiramente humana, mesmo que tenha aprendido a caminhar como humano e a falar algumas palavras. Viveu somente dez anos mais.

A conclusão é que careceram do contato humano inicial para serem verdadeiramente humanas em suas condutas, que, por outro lado, seriam normais se elas fossem pequenas lobas (p. 66, nota de rodapé).

Isso explicita como o contato humano é primordial para o desenvolvimento, o que permite uma compreensão maior de que não poderia deixar de ser semelhante no que diz respeito a uma característica tão singular e formidável dos seres humanos como a resiliência, em que o ser necessita do contato com determinada figura de referência para que isso o impulsione ao desenvolvimento.

Quais são os Pilares da Resiliência?

Alguns atributos importantes considerados os “pilares da resiliência”, identificados nos sujeitos resilientes, são apresentados por Suárez Ojeda (1997, apud Melillo, 2005).

Entre eles estão:

  • Introspecção: arte de se perguntar e se dar uma resposta honesta;
  • Independência: saber fixar limites entre si mesmo e o meio com problemas; capacidade de manter distância emocional e física, sem cair no isolamento;
  • Capacidade de se relacionar: habilidade para estabelecer laços e intimidade com outras pessoas (…);
  • Iniciativa: gosto de se exigir e se por à prova em tarefas progressivamente mais exigentes;
  • Humor: encontrar o cômico na própria tragédia;
  • Criatividade: capacidade de criar ordem, beleza e finalidade, a partir do caos e da desordem;
  • Moralidade: consequência para estender o desejo pessoal de bem-estar a toda a humanidade e capacidade de se comprometer com valores (…);
  • Auto-estima consistente: base dos demais pilares e fruto do cuidado afetivo consequente da criança ou adolescente por parte de um adulto importante.

Tais atributos são adquiridos ao longo do desenvolvimento, dessa forma Melillo (2005) destaca a relação entre resiliência e desenvolvimento humano, afirmando a importância de realizar uma contextualização da mesma de acordo com as etapas desse processo para ter um guia a respeito do procedimento da resiliência em cada etapa desse processo.

Formas de desenvolver a Resiliência

Há muitos fatores que contribuem para o desenvolvimento da resiliência, um dos principais é ter relações significativas com o meio que o cerca, quer sejam pessoais ou profissionais.

Outro fator importante é a capacidade de planejamento, planejar bem os passos e segui-los. Ter objetivos de vida em mente e uma visão positiva de si mesmo.

O bom é que, ainda que pareça complicado, todas estas habilidades podem ser desenvolvidas e aprendidas.

Portanto, resiliência não é algo que só é acessível a alguns, todos em algum momento de nossas vidas podemos ser resilientes.

Como se tornar uma Pessoa Resiliente?

  • Estabeleça boas relações pessoais e profissionais;
  • Estabeleça um círculo social que lhe faça perceber que seu tempo é bem utilizado e que você é uma peça importante nesse mesmo sistema;
  • Aceite que as mudanças são algo essencial para a nossa sobrevivência: não há evolução sem mudança e mesmo que você não queira evoluir em nada, a mudança acontecerá. Portanto, seja flexível e adapte-se às mudanças;
  • Evite levar as crises da sua vida como problemas insuperáveis: você não pode evitar que os eventos negativos apareçam em sua vida, mas poderá melhorar sua relação com eles.
  • Tente ampliar sua visão e ser consciente de que a maioria dos problemas são temporários, não fixos ou permanentes;
  • Estabeleça pequenas metas que sejam alcançáveis: se você tiver um grande objetivo no horizonte, a forma de chegar até ele não é correndo. Você deve ir pouco a pouco, estabelecendo pequenas metas realistas.
  • Seja consciente de até onde você pode chegar, porque “quem tudo quer, nada tem“. Se você é capaz de ir cumprindo algumas metas, sinta-se bem consigo mesmo. Você já está no caminho;
  • Não tenha medo de tomar decisões: não ignore os problemas, tente não fazer isso;
  • Se você pode resolver algo agora e isso vai lhe economizar problemas, faça assim que puder. Se não puder fazer agora, seja capaz de esperar o momento para fazê-lo sem dedicar muitos pensamentos antes;
  • Cultive uma visão positiva de si mesmo: a autoconfiança nas capacidades pessoais e na atitude positiva contribui para formar uma atitude resiliente;
  • Ocupe a mente, uma mente ocupada se afasta dos maus pensamentos e ajuda a estabelecer bases para você mesmo, que terão muita utilidade no futuro;
  • Mantenha as coisas em perspectiva: algo ruim ter acontecido não quer dizer que sua vida inteira está à deriva, nem que a sua personalidade e valores também estejam;
  • Delimite bem o problema para poder atacá-lo e evitar que contamine o que há de belo em sua vida.
  • Cuide de si mesmo: não deixe que o trabalho e as ocupações sejam as únicas coisas que preenchem seu tempo. Faça coisas das quais você gosta e com as quais pode aproveitar e, acima de tudo, descanse.

Conclusão

Resiliência é a capacidade universal que possibilita a pessoa, grupo, corporação ou comunidade de prevenir, minimizar ou superar os efeitos nocivos das adversidades, dos problemas e de fatos negativos, inclusive saindo dessas situações fortalecidas ou até mesmo transformada.

Está associada à capacidade que temos de lidar com nossos próprios problemas ou dificuldades, de sobreviver e superar momentos difíceis, e situações adversas.

É uma qualidade fundamental para se ter sucesso na vida pessoal e profissional, que deve ser aprimorada e praticada com frequência para sermos bem sucedidos na vida.

Neste contexto, qual a sua opinião sobre a resiliência, você acha que é algo importante, que é possível desenvolve-la e colocá-la em pratica no dia a dia. Contribua com o artigo deixando o seu comentário.

Forte abraço e sucesso!

Autor: José Sérgio Marcondes
Especialista, Professor e Consultor em Segurança Privada
CEO/Diretor do IBRASEP


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