O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) disse, em entrevista, que não pretende voltar ao Brasil para assumir seu terceiro mandato. Ele passa férias no exterior. O parlamentar revela que a intensificação de ameaças de morte o levou a decidir abandonar a vida pública.
"Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!", escreveu o parlamentar em sua página no Facebook.
O deputado vive sob escolta policial e com carro blindado desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março do ano passado. Ele diz que resolveu ficar no exterior para não se sacrificar. Wyllys citou o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, que segundo ele, disse que 'os mártires não são heróis'. O parlamentar também ressaltou que a revelação de que familiares de um ex-policial do Bope suspeito de chefiar a organização criminosa Escritório do Crime, investigada pela morte de Marielle, eram lotados no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, pesou na sua decisão. "O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim", disse em entrevista.
Jean Wyllys é alvo frequente de notícias falsas. Em decisões recentes, os deputados federais eleitos Carla Zambelli (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSL-SP) foram condenados a indenizá-lo por postagens que o vinculam à pedofilia, atribuindo a ele, uma declaração que nunca deu.
O deputado tem acionado a Justiça para defender-se dos crimes de difamação e injúria. " Já inventaram projeto de lei para mudar a Bíblia, para legalizar o casamento de adultos com crianças, para instaurar o ensino da religião islâmica nas escolas, para obrigar as crianças a mudar de sexo e outras estupidezes do tipo. Já disseram que eu dirigi um filme sobre Jesus Cristo e até que recebi dinheiro da lei Rouanet", exemplifica.
O parlamentar atribui os ataques à homofobia e conta que as mentiras incitam a violência contra ele, que recebe ameaça de morte e precisa andar com carro blindado. "São mentiras estúpidas, mas milhares de pessoas acreditam, porque precisam de uma desculpa para justificar por que me odeiam, quando na verdade me odeiam por ser gay. Essa gente usa o preconceito homofóbico que existe na sociedade, como fizeram para instalar as mentiras do “kit gay” e da “ideologia de gênero”, duas coisas que simplesmente não existem. Tudo isso incentiva o ódio e produz violência", afirma. Ele acrescenta que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicitou ao governo brasileiro proteção para ele e sua família.
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