GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Para 50%, ‘bandido bom é bandido morto’. Isso vale para PM bandido?

PMs forjam tiroteio. Devem ser mortos? - Foto reprodução

Na semana passada, o deputado estadual Flávio Bolsonaro esperneou contra decisão da Justiça de fechar o Batalhão Especial Prisional, onde estavam em cana 221 PMs do Rio. Eles “são tratados como bandidos'', bronqueou o deputado.
O BEP foi interditado depois de presos agredirem a juíza que coordenava uma vistoria. Os PMs trocaram o batalhão por um complexo penitenciário.
Ao assistir à entrevista de Bolsonaro, pensei cá comigo: os policiais prisioneiros são tratados como bandidos porque, na forma da lei, são suspeitos ou acusados de terem cometido crimes. Noutras palavras, de serem mesmo bandidos.
Lembrei o episódio ao ler hoje o resultado de pesquisa Datafolha em cidades com mais de 100 mil habitantes. Metade dos entrevistados concorda com a assertiva de que “bandido bom é bandido morto''.
Espanto? Nenhum. Talvez os 45% que tenham rejeitado o mantra de esquadrões da morte. A civilização não tem tão poucos partidários como às vezes parece.
É certo que nem todos os 50% necessariamente apoiam execuções à margem da lei e dos tribunais. Nem incentivam justiça com as próprias mãos, olho por olho, dente por dente.
Mas “bandido bom é bandido morto'' consagrou-se como lema de assassinos com distintivo.
Muitos que se guiam por essa regra acham que o melhor a fazer é matar o bandido que outro dia matou o PM Caio César Ignácio Cardoso de Melo. O policial era o dublador brasileiro dos filmes do Harry Potter.
Se a receita vale para bandidos em geral, sem distinção, o mais indicado, de acordo com o raciocínio “bandido bom é bandido morto'', seria os assassinos do pedreiro Amarildo morrerem?
Os assassinos são PMs. Tiraram a vida do Amarildo numa sessão de tortura na Rocinha.
E os PMs que forjaram tiroteio no morro da Providência? Primeiro, eles mataram um adolescente que, de acordo com testemunha, havia se rendido. Em seguida, colocaram uma arma na sua mão e dispararam (foto no alto do post).
PM bandido bom é PM bandido morto?
Nem no caso de bandidos não PMs, como os que calaram a voz do Harry Potter, nem no de bandidos PMs, como os algozes do Amarildo, deve-se aceitar julgamentos extrajudiciais.
Qual o mandato de PMs e não PMs para, não sendo juízes ou membros do tribunal do júri, decidirem sobre castigo a bandidos?
Sem contar que no Brasil inexiste pena de morte (“salvo em caso de guerra'', em “agressão estrangeira'').
A fome de matar, exacerbada pelo espírito de “bandido bom é bandido morto'', leva a ações destrambelhadas _e criminosas_ da PM que resultam em crianças mortas em comunidades pobres e miseráveis.
O critério supremo tem de ser a proteção da vida.
Bandido bom é bandido investigado, julgado e punido, conforme a lei.
Se a lei prevalece e a impunidade fraqueja, é mais provável que menos crimes venham a ocorrer.

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