Mário Góes, suspeito de ser um dos operadores do esquema de pagamento de propina envolvendo a Arxo, se apresentou na Superintendência da Polícia Federal (PF) de Curitiba neste domingo (8). A informação foi confirmada na sede da corporação.
Ele teve um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça na nona fase da operação, que foi deflagrada na quinta-feira (5). Desde então, ele era considerado foragido.
Em depoimento prestado ao Ministério Público Federal (MPF), uma ex-funcionária da Arxo disse que Mário Góes recebeu em diversas oportunidades valores em espécie na sede da empresa. Em contrapartida, ele passava informações privilegiadas, contribuindo para que a Arxo fosse fornecedora exclusiva de determinados produtos para a Petrobras.
Góes também foi citado por Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, em delação premiada. De acordo com Barusco, Góes atuou como operador financeiro em nome de várias empresas contratadas pela Petrobras.
O delator afirmou que as reuniões com Góes serviam para o que ele chamou de “encontro de contas”: a conferência, contrato a contrato, dos pagamentos de propina que já haviam sido feitos, e os que estavam pendentes.
Outras prisões
Outras três pessoas também foram presas, mas em prisões temporárias. Gilson Pereira, sócio-proprietário da empresa, e Sérgio Marçaneiro, diretor-financeiro da Arxo, foram detidos já na quinta. João Gualberto Pereira, que é um dos proprietários da Arxo, se apresentou à PF na sexta-feira (6), pois estava nos Estados Unidos quando teve o mandado de prisão expedido.
A empresa Arxo, de construção de tanques de combustíveis, tem sede em Balneário Piçarras, no Litoral Norte de Santa Catarina, é suspeita de estar envolvida em um esquema de pagamento de propina relacionada à Operação Lava Jato. Segundo a PF, a companhia tem negócios com a BR Distribuidora.
Foram apreendidos na sede da empresa R$ 3,186 milhões. Segundo os policiais, as notas estão divididas em reais, dólares e euros. Além do dinheiro em espécie, também foram apreendidos 518 relógios de luxo, 35 obras de arte e cinco veículos de alto valor de mercado.
A Arxo Industrial do Brasil chegou a estabelecer um contrato de R$ 85 milhões com a BR Distribuidora, segundo a PF. A parceira foi firmada em outubro de 2014, maior contrato até então da empresa com a petroleira. Pelo documento, a Arxo deve entregar 80 caminhões-tanque para abastecimento de aeronaves, os CTAs, no prazo de 18 meses. Os primeiros veículos devem ser entregues neste mês.
'Valores contabilizados'
Em nota divulgada à imprensa, a Arxo afirma que o dinheiro encontrado no cofre da empresa seria utilizado em "pagamentos da empresa”. O procurador jurídico da companhia, Charles Zimmermann, disse no comunicado que todos os valores foram “contabilizados”.
“Havendo indícios de fraude, o que não é o caso da Arxo, que está tudo contabilizado, é apurado o tipo de crime praticado”, destacou Zimmermann na nota.
A empresa ainda negou por meio de comunicado o pagamento de propina à Petrobras. "Nenhum membro da diretoria ou colaborador da empresa teve qualquer ligação com tratativa ou pagamento de propina à Petrobras. Da mesma forma, todos desconhecem o citado Mário Góes", informou a Arxo em nota.
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