Júnior Cigano teve na madrugada deste domingo seu desafio mais difícil, mas precisou de apenas um minuto para provar seu valor. O catarinense conquistou o cinturão dos pesos pesados do UFC, em Anaheim, com um nocaute em apenas um minuto de luta. Contra o campeão da categoria, o norte-americano Cain Velásquez, o brasileiro acertou um cruzado de direita e levou ao chão seu rival, não dando chances ao dono da casa de reagir. Foi o encerramento do UFC on FOX, a estreia do evento nas TVs abertas dos EUA e na Rede Globo no Brasil, e aniversário da primeira edição, há exatos 18 anos.
O lutador brasileiro inicou o combate sofrendo com os chutes de Velásquez, que na primeira tentativa tentou derrubar Cigano, como era esperado. Mas o catarinense escapou e, mantendo a luta em pé, não demorou a dar um soco certeiro, na lateral da cabeça de Velásquez. Bastou partir para cima de Velásquez, já no chão, e "martelar" o campeão, forçando o encerramento do combate a 1min04s do primeiro assalto.
"Não tenho palavras para descrever. Foi o cara mais difícil que já enfrentei. Quero agradecer meu time, minha equipe e família. Tem muita gente boa perto de mim. Muito obrigado", agradeceu Cigano, que ainda no octógono se emocionou e caiu nas lágrimas após a vitória.
Com a vitória deste domingo, Cigano é o segundo campeão dos pesos pesados pelo Brasil dentro do UFC desde a criação das categorias de peso atuais. Ele igualou um de seus maiores mestres no MMA, Rodrigo Minotauro, que já deteve o cinturão interino do UFC, em 2008. O baiano foi um dos grandes apoiadores na carreira de Cigano, desde o início em Salvador.
Além disso, Júnior Cigano se junta a outros dois brasileiro campeões do UFC: Anderson Silva, detentor do cinturão dos pesos médios, e José Aldo, o melhor peso pena do evento.
Júnior Cigano teve uma ascensão meteórica no MMA. Há apenas seis anos, o catarinense de Caçador era garçom na cidade de Salvador. Após iniciar no jiu-jítsu, ele foi encaminhado ao professor de boxe Luis Dórea - mestre de Popó - e acabou se achando nas artes marciais mistas.
Antes desta noite, ele realizou 14 lutas, com apenas uma derrota. Desde a entrada no UFC, haviam sido sete vitórias. Entre eles, nomes fortes como Fabrício Werdum, Roy Nelson e Cro Cop, até bater Shane Carwin no UFC 131 e ganhar a chance de disputar o cinturão de Velásquez.
O norte-americano, lutando com torcida a favor em Anaheim por sua origem mexicana, fez sua primeira defesa de cinturão, após vencer Brock Lesnar, em outubro de 2010. Ele chegou ao UFC on FOX invicto, com nove vitórias, mas enfrentando dúvidas, por se recuperar de uma cirurgia no ombro. Não foi a técnica ou a parte física que definiram, mas o golpe fulminante do oponente brasileiro
UFC entra na maioridade e celebra chegada ao “mainstream”
A programação deste sábado foi especial para o UFC, e não só pelo aniversário de 18 anos da organização criada pelo brasileiro Rorion Gracie. O detalhe fundamental foi a entrada do Ultimate na TV aberta dos Estados Unidos, por meio da FOX, uma das grandes emissoras do país. Este combate pelo cinturão foi apenas um “aperitivo”, já que o contrato entre as partes valem apenas a partir de janeiro. No Brasil o mesmo aconteceu, com a entrada da Rede Globo, que escalou seu narrador mais importante para a transmissão, Galvão Bueno - Vitor Belfort foi o comentarista.
O UFC foi uma invenção de Rorion Gracie, um lutador de jiu-jítsu que queria provar que a sua arte marcial poderia vencer as outras lutas. Assim, ele criou uma competição que tinha a intenção de confrontar nomes de diversos estilos. A primeira edição aconteceu em 12 de novembro de 1993, em Denver, e Royce - irmão de Rorion - venceu três rivais na mesma noite para ficar com o título.
Por anos, o esporte ainda conhecido como vale-tudo sofreu para romper as barreiras do preconceito e chegar ao grande público. O estabelecimento de regras, limite de tempo e até a mudança de nome da modalidade para MMA, sigla para artes marciais mistas, foram fundamentais na jornada.
Um fator importante foi a venda da organização na virada do milênio. O UFC era avaliado em US$ 2 milhões nesta época e depois da compra pelos irmãos Fertitta, colocando Dana White como presidente, o valor já chega a US$ 2 bilhões, com o sucesso do evento liderada por estrelas como Anderson Silva, Georges St-Pierre e, mais recentemente, Jon Jones.
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