GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

sábado, 14 de setembro de 2013

Convite



Prezado(a)s 

Segue a Programação da Caravana Civica do IFC que passa pelas cidades paulistas da Rede AMARRIBO-IFC: 
16 e 17/09 Santa Branca (ONG Sabajão);  18/09 São João da Boa Vista (ONG Viva S.João); 19/09 Aguas da Prata (ONG Guará);e 20 e 21/09 Analândia (ONG AMASA)

A todos que puderem nos acompanhar nesses dias será de trabalho intenso, mas muita satisfação e alegria por estarmos juntos na luta que acreditamos.

Quem tiver como ir, comunique-se conosco. Não temos recursos para essa atividade, cada um segue com recursos próprios, mas podemos compartilhar caronas.

Abraços

Lizete Verillo
AMARRIBO BRASILRua Dr. Aurélio Neves, 355 - 13580-000 - Ribeirão Bonito - SP
Fone: 55 16 3344-3807/ 55 11-99953-5732
www.amarribo.org.br 
O IFC tem o prazer de convidar todos para participarem da Caravana da Cidadania que será realizada, desta vez, no interior de SP.
A Caravana passará pelas cidades de Santa Branca(16 e 17/09), São João da Boa Vista, Águas da Prata e Analândia e contará com a presença da sociedade civil, grupos organizados, conselhos, autoridades locais e palestrantes convidados de várias entidades nacionais.
A Caravana da Cidadania já passou por várias cidades do Brasil de diferentes estados (MG, MA, CE, SP, PI, GO, etc) e desta vez irá para São Paulo com o intuito de provocar a sociedade a se engajar no ‘Controle Social’, a entender e participar da Reforma Política através do projeto de iniciativa popular “Eleições Limpas” e como fiscalizar os gastos públicos e acompanhar o Legislativo e Executivo utilizando-se da ‘Lei de Acesso à Informação’. Todas essas ferramentas são parte integrante da cidadania e devem ser usadas para um melhor acompanhamento das políticas públicas.
Ao final das atividades em cada cidade, um relatório será elaborado e entregue ao poder público local, bem como aos poderes estaduais e federais constando todas as possíveis irregularidades encontradas e determinando prazos para que elas sejam sanadas a fim de contribuir para uma melhora da perspectiva de vida da população local.

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16 e 17 - SANTA BRANCA
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SÃO JOÃO DA BOA VISTA E ÁGUAS DA PRATA - 18 E 19/09/13
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Programação 
 18/09-SJBV; 19/09/13-Aguas da Prata; 20/-Analândia
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Programação Analândia - 21/09/13
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Assistente de Projetos
Instituto de Fiscalização e Controle – IFC
(61) 3224-4368 |  8616-9487 |  ykaro@ifc.org.br  

Presidente da Riotur é vítima de furto no Rock in Rio Antônio Pedro Figueira de Mello teve seu aparelho celular furtado na última sexta-feira (13)

Agência MBPress

O presidente da Riotur, Antônio Pedro Figueira de Mello, teve seu aparelho celular furtado na última sexta-feira (13), durante a primeira noite de Rock in Rio, no Rio de Janeiro.
O crime aconteceu em frente ao estande da empresa, montado dentro das dependências do festival, e foi registrado pela delegacia móvel local - 16˚ D.P da Barra. Outros dez furtos foram denunciados no mesmo dia.
Durante a edição 2013 do evento musica, considerado o mais seguro até agora, todos os casos registrados envolveram apenas furto de celulares e documentos, de acordo com informações da base policial.
Há, no entanto, diversas reclamações de que o posto avançado da Polícia Civil ainda não está funcionando dentro da Cidade do Rock. De acordo com o delegado titular Fábio da Costa, houve problemas técnicos com a instalação do contêiner operacional.
"Já argumentamos com a organização, mas o problema persiste. A Polícia Civil não é responsável pela infraestrutura. Estamos fazendo o que está a nosso alcance". 

Parceria com marca de cerveja impede que Beyoncé desça em tirolesa do Rock in Rio Cantora desistiu por conta de patrocínio

Animada com o clima do Rock in Rio, Beyoncé quis se divertir um pouco após sua apresentação no festival, na sexta-feira (13).
A "Diva" comunicou sua equipe que gostaria de descer na tirolesa montada na Cidade do Rock, mas acabou sendo obrigada a desistir da ideia. O fato só aconteceria por volta das quatro da manhã com o fim de sua apresentação.
Um forte esquema de segurança com 60 homens foi montado para que a diva pop pudesse passar pela multidão até o brinquedo, patrocinado pela marca de cerveja Heineken.
A estrela, no entanto, acabou desistindo da ideia, após ser lembrada de seu contrato com a concorrente Budweiser.  Beyoncé preferiu evitar um possível mal estar com a marca que a patrocina.

FAMOSIDADES

Maria Paula evita falar sobre namorado mais novo Eleito da atriz tem 19 anos a menos que ela

Agência MBPress

Maria Paula aproveitou a folga para curtir o segundo dia do Rock in Rio neste sábado (14). A atriz chegou cedo e muito bem acompanhada ao local.
A ex-Casseta chamou a atenção ao circular pelo local com um rapaz bem mais jovem que ela.
O casal assumiu o romance ao trocar beijos apaixonados em público. Mesmo assim, Maria Paula não quis comentar a relação.
"Vim aqui me divertir. Não para falar sobre esse assunto", avisou.
O novo eleito da estrela se chama Vítor e é 19 anos mais novo que a atriz.

Ocupação da casa onde nasceu o moderno Mostra do Centro Cultural São Paulo usa a arquitetura de Warchavchik para discutir tradição e espírito vanguardista

Construída entre 1927 e 1928, a Casa Modernista da Vila Mariana tem um longo histórico de resistência aos conservadores. Marco da arquitetura modernista, o projeto do russo Grigori Warchavchik (1896-1972) só foi aprovado pela Prefeitura depois que o arquiteto apresentou uma falsa fachada, camuflada de ornamentos. A partir de hoje, ela será palco de novas provocações com a segunda edição do programa de exposições do Centro Cultural São Paulo, transferido para a Casa Modernista em razão da Bienal da Arquitetura. A primeira provocação é a performance (às 15h e às 20h) de outro russo, Fyodr Pavlov-Andreevich, que vai rolar nu na piscina da casa e ocupar seu banheiro. Nele, Andreevich usa tablets que simulam azulejos e mostram fotos de violência contra judeus na Ucrânia. Neles, rostos das vítimas são trocados por Warchavchik, que nasceu em Odessa, cidade ucraniana, e chegou ao Brasil em plena ebulição modernista.
A exemplo de Warchavchik, o jovem Andreevich descende de judeus e conhece bem a história da Ucrânia e dos pogroms antissemitas que levaram à morte milhares de seus pares antes e depois da Revolução. Muitas de suas performances fazem referência a esse passado. A própria família de Andreevich foi vítima de todos os regimes russos – e isso é lembrado numa de suas performances (Flick Me on My Memory, 2010). Nela, o performer, participante ativo dos festivais organizados por Marina Abramovic, recorre a uma antiga lenda judaica segundo a qual toda criança que vem ao mundo tem memória absoluta até sair da barriga da mãe. Para lembrar do que esqueceu, Andreevich tirou a roupa (ele adora fazer isso) e regrediu ao estado infantil, subindo uma escada numa galeria e pedindo ao público que apertasse seu nariz, como Deus faz para que os pequenos não tragam ao mundo a pesada bagagem da memória absoluta.
Se Andreevich resolveu ocupar a Casa Modernista com lembranças dos pogroms, os outros três artistas brasileiros convidados para a mostra do CCSP se mostraram pouco reverentes ao ícone modernista brasileiro. O curador da mostra, Márcio Harum, explica que seu objetivo não era o de fazer a apologia da modernidade, mas o de mostrar que, antes dos ideais bauhausianos, de Warchavchik ou de Niemeyer, o Brasil já tinha uma história – não só arquitetônica – que precisa ser repensada.
Logo na entrada da Casa Modernista, o visitante poderá atestar a resistência à ordem formal do modernismo europeu na obra site specific Priscila, de Chico Togni. Trata-se de uma edícula de papelão pintado, deliberadamente rudimentar e sem estilo, que contrasta com os volumes prismáticos brancos de Warchavchik.
A provocação continua no interior da casa: Fernando Marques Penteado ocupa a cozinha como cenário de um ritual pagão e Rodolpho Parigi mostra um esqueleto de minotauro na sala. Também participa da mostra o carioca Jimson Vilela.

Assaltos ao redor da Cidade do Rock Roberto Nascimento Uma visita ao trailer da defensoria pública, próximo à entrada do evento, já deixa claro...

Uma visita ao trailer da defensoria pública, próximo à entrada do evento, já deixa claro o tipo de caso que deve acontecer em quantidade durante os próximos dez das. Trata-se dos assaltos que ocorrem ao redor do festival. Alguns acessos ao Rock in Rio requerem pequenos desvios por zonas de pouca iluminação, o que faz do fã presa fácil para trombadinhas.
O estudante carioca Vitor Alcântara, por exemplo, teve de contornar uma cerca pelo Rio Centro, local onde fica os camarins dos astros, e se deu mal. "Me abordaram. Levantei os braços, e levaram os ingressos. Agora eles vendem por 500 ou 800 reais", contou. Vitor queria pedir novos ingressos à organização do festival, mas não tinha como provar o assalto.
Desde a última edição, o problema de movimentação na porta é um dos pontos fracos do Rock in Rio. Por bloquear o acesso de carros (de imprensa inclusos) a 3 quilômetros dos palcos, a ocasional falta de policiamento em áreas escuras faz das filas a caminho da Cidade do Rock pratos cheios para criminosos.
O número de ocorrências oficial para o primeiro dia do Rock in Rio ainda não foi divulgado.

Renegado abre shows no Palco Sunset do Rock in Rio O rapper mineiro Flavio Renegado, que nesta sexta-feira à tarde recebeu como convidado outro rapper, Orelha Negra,...

O rapper mineiro Flavio Renegado, que nesta sexta-feira à tarde recebeu como convidado outro rapper, Orelha Negra, não empolgou no primeiro show do Rock in Rio. Ele abriu os shows no Palco Sunset. Havia mais pessoas esperando a apresentação no Palco Mundo, o principal do festival, do que em sua plateia.
A 13ª edição do Rock in Rio começou nesta sexta-feira, 13, na Cidade do Rock (Parque dos Atletas, na Av. Salvador Allende, s/nº, no Rio de Janeiro), uma área de 150 mil m², e segue até o dia 22 de setembro. Os portões foram abertos às 14h.
Tirolesa
Seis horas. Este era o tempo de espera na fila para quem quisesse ''voar'' pendurado na tirolesa armada em frente ao Palco Mundo. Mesmo sabendo do tempo de espera, colocado em um aviso digital no final da fila, as pessoas não se intimidavam.

Dinho Ouro Preto manda "saquear Brasília" Julio Maria O silêncio já começava a ficar estranho em um festival que, mesmo tendo trilhado sua carreira...

O silêncio já começava a ficar estranho em um festival que, mesmo tendo trilhado sua carreira solo pop, preserva o espírito de rebeldia ao menos no nome. Como se os muros da Disney do rock fossem impenetráveis, como se a fantasia não pudesse ser ofuscada por dilemas mundanos, o rock estava em relativo silêncio. Até que Tico Santa Cruz, do Detonautas, puxou um coro contra o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, e Dinho Ouro Preto mudou de vez o tom. "A gente adora falar mal de político. Não sei nem a quem dirigir o que eu tenho a dizer. Então vai para esse Natan Donadon, o primeiro presidiário congressista do País. E vai para o Congresso, por ter mantido esse cara por lá. Vai para Brasília, pelo conjunto da obra." Mais do que aplaudido, foi coberto de gritos por uma plateia de punhos fechados ao alto. E sem perder o timing, voltou à carga. "Acho que o pessoal olha pra gente lá de Brasília e nos vê assim", disse, colocando no rosto um nariz de palhaço. Começou então a cantar Saquear Brasília, música do mais recente disco do Capital Inicial, Saturno, feita antes de uma multidão acuar a segurança e a polícia em Brasília, ameaçando invadir o Congresso Nacional durante as recentes manifestações no País.
Dinho já havia feito desabafo parecido. No Rock in Rio de 2011, falou para mais de 60 mil pessoas de sua indignação com relação ao fato de o jornal O Estado de S. Paulo estar sendo censurado desde julho de 2009, proibido de publicar matérias da Operação Boi Barrica. Na investigação sigilosa, Fernando Sarney, filho do senador, aparece como suspeito de fazer caixa 2 na campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão de 2006.
Depois de seu desabafo na canção que termina sem metáforas, pedindo literalmente que as pessoas saqueiem Brasília, Dinho emendou Independência e conseguiu criar um interessante bloco politizado dentro de um festival que parece não querer problemas maiores nem servir de estandarte.
O ato de Dinho veio depois de um começo de show truncado, provavelmente pela emoção do cantor. Eufórico, ele se atrapalhava com as palavras, ditas rápidas demais, e algumas vezes perdia o controle delas. Dizia um "cara" e dois "tá ligado" entre uma e outra e olhava para o público incrédulo, apesar de estar em um Rock in Rio pela quarta vez. Não parecia previsto o pulo que ele deu para cantar Fátima com a plateia, deixando a banda sozinha por um longo período e tendo dificuldades para reencontrar o tempo certo.
Em uma hora de show, que a banda respeitou com cuidado, eles comprimiram uma espécie de retrospectiva. E conseguiram incluir ainda uma homenagem a Champignon, o baixista do Charlie Brown Jr que se suicidou recentemente. "É difícil entender o que aconteceu, eu gostava muito desses caras", disse, lembrando também de Chorão, morto há seis meses. Disse e pediu à plateia que o ajudasse a cantar uma canção em homenagem a eles, feita ao violão e voz com Só os Loucos Sabem, de Chorão. Comoveu sobretudo por terminar dizendo "você deixou saudades, quero te ver outra vez." Lembrou ainda de Raimundos, com Mulher de Fases, e terminou nostálgico mas não menos punk rock com Veraneio Vascaína.

O parque de diversões começa a ficar grande demais Julio Maria Quando Roberto Medina percebeu que fazer um Rock in Rio de dois em dois anos não seria fácil,...

Quando Roberto Medina percebeu que fazer um Rock in Rio de dois em dois anos não seria fácil, mudou o conceito do festival. Em vez de centrar tudo no palco e segurar a marca com grandes nomes, fez seu festival que antes era só de música virar um parque de diversões. Os prós dessa decisão são visíveis. Um evento que antes era procurado só por fãs de bandas passou a receber famílias. Para entrar não é mais preciso ser especialista em música, basta querer se divertir. Mas agora, os contras também começam a surgir.
A tirolesa que passa em frente ao Palco Mundo ficou maior do que deveria. É uma atração à parte, tão procurada, ou às vezes mais, do que o Palco Sunset. Quando a espera chegou a seis horas de duração, no final da tarde de sexta, a produção decidiu encerrar o brinquedo, e revoltou muita gente.
Natasha Ribeiro, 24 anos, estava na fila havia quatro horas quando a reportagem chegou para conversar com ela. Para dar um sobrevoo de 20 segundos, ela sacrificou um dia inteiro de show. "Eu não sabia que ficaria quatro horas por aqui. Só vou poder dizer se valeu a pena quando chegar do outro lado." Mesmo dançando e assistindo aos shows do Palco Mundo pelo telão, ela tinha certeza de ter perdido um dia em uma fila. "Perdi. Mas vou voltar outras três noites." Ao seu lado, Rafael Vaz, 24 anos, registrava sua indignação em tom de denúncia. "Existe uma entrada vip para convidados curtirem a tirolesa. Ou seja, a gente fica aqui 4 horas e a produção a todo momento passa gente na frente. É um absurdo." Os dois falaram ainda que, em determinado momento, a fila ficou parada por uma hora porque faltou fichas para que as pessoas pudessem preencher, assinando uma espécie de termo de responsabilidade por algo que poderia acontecer com elas durante o trajeto. A produção do brinquedo não sabia informar se a atração voltaria a abrir filas por volta das 20h de ontem.
Do outro lado do parque, duas irmãs pareciam bem mais tranquilas, na fila da Roda Gigante. "A gente está aqui pela Beyoncé. Até lá, é ótimo poder ter esses brinquedos", dizia Bianca Castro, 22 anos. Vanessa, sua irmã, queria ver David Guetta. "Nem era algo necessário (a presença dos brinquedos), mas já que estão aqui..."
A produção proibe crianças de até 3 anos na Roda Gigante, menores de 14 anos na tirolesa  e menores de 8 anos no turbo drop e na montanha russa. O parque de diversões da Cidade do Rock tem ainda uma medida pouco popular com relação à tirolesa. Só permite, por questões de segurança, pessoas com pesos entre 50 quilos e 115 quilos.

Dono do Rock in Rio explica como escolhe bandas e revela sonhos Roberto Medina fala dos bastidores do festival, presente em três países

No dia 30 de outubro, um ano antes de acontecer o Rock in Rio 2013, àquela altura ainda sem programação definida, a pré-venda viu esgotarem-se em 52 minutos os 80 mil ingressos disponíveis. Na venda oficial, no dia 4 de abril, todos os ingressos foram vendidos em 4h e 4 minutos.
O que provoca tal frisson, que leva alguém a comprar ingresso para um show que nem sabe qual será? Um pouco, obviamente, é pela lenda do primeiro grande megafestival de rock do País (que completa 29 anos este ano). Sem contar o leque infindável de atrativos musicais: mais de 160 atrações (somente no Palco Mundo, 30 artistas nos 7 dias de evento). Mas há outras razões.
Chama a atenção, na Cidade do Rock, a profusão de logotipos. Serão 73 marcas presentes, o que provoca um certo incômodo. Mas o realizador do festival, Roberto Medina, 66 anos, diz que tudo só existe por causa dessas ações.
Como você explica que o Rock in Rio passe ao largo da turbulência que afeta no momento o show biz nacional?
O Rock in Rio vendeu 600 mil tickets em quatro horas, e havia 2 milhões e 200 mil pessoas esperando no sistema para comprar. "Com isso, dava para fazer cinco Rock in Rio", espantaram-se alguns empresários. Eu respondi: "E, ainda assim, é o evento mais barato do Brasil". "Mas então você é um mau empresário", disseram alguns amigos. Veja como funciona: as empresas patrocinadoras têm uma quantidade de ingressos em mãos para fazer as suas promoções durante o festival. Com a busca exacerbada pelos ingressos, o valor da promoção dessas empresas parceiras do Rock in Rio é 10 vezes maior do que aquilo que está no mercado. Vira uma coisa rara. É um outro valor que eles têm em mãos, e é isso que muita gente não entende. O meu foco é na plateia. Não é meu foco só aqui no Brasil, mas no mundo todo. Busco uma relação com aquilo que o espectador sente, mas não vê. É uma filosofia completamente diferente da que vigora nos Estados Unidos, na Europa. Fiz um levantamento da qualidade dos serviços nos festivais americanos, porque estou tentando instalar em Las Vegas um Rock in Rio, em 2015, e é um desastre completo. Elegi o festival mais importante deles, não vou dizer o nome para não melindrar ninguém, e a única coisa em comum com o Rock in Rio são as bandas. O investimento do Rock in Rio em estrutura é algumas vezes mais do que o deles. Isso acontece apenas porque nós temos as marcas junto. Antes, não era possível botar em pé um festival aqui no Brasil. Inventamos esse conceito (de iniciar a divulgação e a comercialização anos antes) que nos permite criar um vínculo maior com o patrocinador. Quando fomos a Lisboa, o maior festival de Portugal arrecadava algo em torno de 600 mil e, no primeiro Rock in Rio lá, arrecadamos 12 milhões. Em Madri foi a mesma coisa, arrecadamos 14 milhões.
Como você chegou a esse conceito?
Isso não surgiu como uma coisa planejada, mas como uma necessidade, por causa da sobrevivência. No primeiro Rock in Rio, com ingressos a US$ 10, calculamos que teríamos de vender um milhão de ingressos para pagar 50% do festival. E a outra parte? E daí fomos desenvolvendo nosso sistema. Você pega hoje a Live Nation, que é a maior empresa de shows do mundo, e eles fazem 20 mil espetáculos por ano. Desse total, apenas 4% é patrocínio. No Rock in Rio, é de 50% a 55%. Isso obriga a manter um padrão de qualidade excepcional. Este ano teremos menos gente, tiramos 15 mil pessoas de cada dia. Havia gente demais. Não vai abolir as filas, isso sempre tem, mas haverá menos fila. Segundo pesquisa do Ibope, a nota atribuída pelo público ao festival é 9,2. Nós queremos melhorar isso. Tudo aqui estará melhor este ano: os telões de LED serão maiores, a iluminação é mais sofisticada. Teremos espetáculo de fogos de artifício na abertura e no encerramento. Trouxemos uma iluminação colorida para a plateia, para dar cor ao público. O palco Sunset sozinho é um dos maiores festivais do Brasil. Nossa área VIP, este ano, tem banheiros de azulejo e sanitários de louça. A tenda eletrônica é uma aranha gigante. A Rua do Rock é toda feita em fibra de vidro, o que nos permite levar daqui para Lisboa. Os camarins dos artistas foram transferidos para o Rio Centro, para evitar atropelos ali nos fundos. Haverá lá um pianista tocando um piano de cauda o tempo todo, massagistas, todo tipo de conforto. Eu não estava satisfeito, é um caminho muito estreito. Ainda assim, teremos dois camarins de apoio do lado de dentro da Cidade do Rock.
Recentemente, você anunciou a venda de 50% do Rock in Rio para o empresário Eike Batista. E agora, parece que ele está quebrando. Isso não compromete o futuro do festival?
Não tem nada a ver comigo. Ele é um sócio capitalista, a gestão é minha. Eu nunca venderia a gestão do festival. Além do mais, o Rock in Rio é extremamente rentável. Ele veio com recursos, já me pagou. Só tenho a lamentar que um símbolo do empreendedorismo esteja passando por essa situação delicada. Não posso dizer, no entanto, se ele vai ou não vender ações, mas de qualquer modo vem outra pessoa que não ele. O meu projeto está crescendo e acredito que ele vá ter uma rentabilidade excelente pelo investimento. Eu compro a parte dele, se ele quiser focar em outra atividade. Mas ele nunca tocou nesse assunto, não me procurou por nenhum motivo desses.
Dizem que você cada vez coloca mais pop e até axé music no festival e o rock está sumindo. O que diz disso?
Olha, eu tava na Espanha e contratei a Shakira. Tinha lá um rapaz que monitorava as redes sociais para a gente e fazia um tipo de aconselhamento. Ele fez um carão e me disse: "Olha, o pessoal das redes sociais não tá satisfeito..." Cada atração mais pop ele me olhava desolado. Aí teve um dia que ele veio e me disse: "O sr. virou um rei, só estão falando maravilhas do sr. nas redes sociais!". Eu tinha acabado de contratar o Rage Against the Machine. Acontece que o show do Rage Against the Machine foi um dos que menos pessoas levou à Cidade do Rock na história do Rock in Rio. O cara que se manifesta nas redes sociais é o mais radical, o mais ativista, é mais duro e mais heavy. Muitos incorrem no erro de dar peso demasiado às redes sociais. Tem de olhar também, mas com cuidado. Tem dois dias de heavy metal no festival. E é o público mais pacífico, gosta muito de música, são respeitosos e querem ouvir suas bandas.
Quais são as bandas que você escolheu pessoalmente na escalação do festival?
Bruce Springsteen é meu mesmo. Vi o show dele nos anos 1980 aqui, naquele show da Anistia Internacional, e foi fraco. Quando o vi este ano em Portugal, pirei. Não sosseguei enquanto não fechei. Vai ser o grande show do festival, em minha opinião. A nossa programação é escolhida pelos fãs, primeiramente. As pesquisas nos mostram o que as pessoas querem ouvir aqui e agora. Claro que não é fácil, às vezes o artista não tem agenda, não pode viver. Consumo entre dois meses e dois meses e meio do ano vendo isso, quando está faltando 7 meses para o festival. Os curadores trabalham com os encontros. O Palco Sunset ganhou notoriedade, importância, veio cobrir um buraco dos grandes shows. Este ano nós estamos levando ao paroxismo a ideia de festa, com os shows de street dance, free dance. Já tem a Rock Street, que é um sucesso, leva os fãs a uma coisa irresistível, aquele lance de brincar de casinha, de voltar a ser criança.
E a globalização do festival? Você chegou a anunciar o Rock in Rio Buenos Aires, que não vingou.
Ah, o que aconteceu na Argentina foi um pecado... A presidenta não deixa mandar o dinheiro para o exterior. O governador de Buenos Aires ainda constrói a Cidade do Rock, nós já tínhamos fechado todos os patrocínios. Não entendo como um país pode fazer as coisas com uma intervenção dessas. É uma tontería absoluta. Não percebe o impulso que o festival dá aos negócios, que continuam mesmo após o evento. Nós voltaremos a tentar Buenos Aires quando o ambiente político e econômico for favorável, agora é impossível, não há garantias de que conseguiremos honrar os compromissos. No ano passado, só em produto de licenciamento, o festival gerou R$ 3 milhões. Este ano teremos 630 produtos licenciados, é um volume extraordinário de negócios. Estou cumprindo meu sonho de criar a maior marca de música do mundo.
O Rock in Rio desfruta de um prestígio curioso: uma empresa da TV Globo, a Geo Eventos, fazia o Lollapalooza, que não conseguia tanto espaço na programação da TV. Qual o seu segredo?
Não é nada complexo. Eu sou especialista em comunicação, tenho uma estrutura permanentemente pensando em como apresentar o festival para a população. O que seduz a televisão? O que dá audiência. E o Rock in Rio dá audiência, as notícias em torno do festival são atrativas. Sempre tenho o cuidado de oferecer isso seletivamente para os veículos. Em Portugal, a maior emissora é a SIP. Pois bem, a SIP está aqui, está cobrindo. Somos um projeto de comunicação, enquanto os outros são eventos com bandas. Sabemos criar o fato jornalístico. Agora mesmo, pintou um garotinho que canta Metallica e nós vamos levar o garoto para cantar para o Metallica. Os outros não sabem fazer isso. O ensaio da Angelique Kidjo em Nova York, nós abrimos para a imprensa. Isso é matéria. Quando eu crio um prêmio de US$ 1 milhão na internet, dizem que estou jogando dinheiro fora. Não, é fundamental, aquilo dá babado, confusão, vira notícia. Como não tenho as armas da infantaria, eu vou para a guerrilha.

Números do Rock in Rio A organização do festival informa que, até as 19h30, 73 mil pessoas tinham entrado na Cidade do Rock. Confira...

A organização do festival informa que, até as 19h30, 73 mil pessoas tinham entrado na Cidade do Rock. Confira outros números do evento:
247 atendimentos médicos foram registrados, a maioria causados por desidratação e queda de pressão
160 funcionários, entre médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e maqueiros revezam-se no atendimento nos seis postos
100 volumes, como  documentos, mochilas, casacos e carteiras foram encontrados e enviados para o setor Achados e Perdidos
6,7 mil pessoas já passaram pela roda gigante
5 mil fás foram ao turbodrop
4,3 mil pessoas andaram na montanha russa
390 fãs utilizaram a parede de escalada
1.400 pessoas por dia é a média de pessoas que tem passado pela tirolesa. Cerca de o dobro da última edição

Nos 200 anos de Kierkegaard, colóquio e nova tradução atestam sua atualidade Professora Pia Søltoft fala ao Estado sobre o filósofo

Do conceito da ironia ao paralelo entre seu pensamento e o do contemporâneo Adorno, a filosofia do dinamarquês Søren Kierkegaard (1813-1855) foi lembrada em seu bicentenário de nascimento no colóquio internacional realizado esta semana na USP com a presença de especialistas em sua obra, destacando-se a participação da professora Pia Søltoft, mestre em teologia da Universidade de Copenhague. A filósofa concedeu ao Estado uma entrevista exclusiva ao lado do professor Álvaro Valls, que lançou durante o evento sua tradução de Pós Escrito (1846) – obra de Kierkegaard dedicada à discussão da verdade do cristianismo e da relação subjetiva com essa verdade para tornar-se cristão.
Kierkegaard, considerado o "pai do existencialismo", talvez seja o filósofo do século 19 com maior ressonância entre os contemporâneos – e isso não só pelo número de sociedades criadas no mundo (inclusive no Brasil) para discutir sua filosofia, mas também pela citações diretas ou indiretas na literatura (de Albert Camus a Flannery O'Connor), no cinema (Carl Dreyer, Ingmar Bergman, Lars von Trier), no teatro (Samuel Beckett) e na própria filosofia (Adorno, Derrida, Habermas).
A professora Pia Søltoft abordou no colóquio dois temas caros a Kierkegaard: a inteligência das emoções e a paixão. Ele, afinal, foi um filósofo que fez tudo para escapar ao estereótipo do pensador no sentido hegeliano do termo. Se Hegel desenvolveu o idealismo absoluto com base na racionalidade, Kierkegaard elegeu a paixão como marco zero, perseguindo uma simetria entre razão e emoção. O dinamarquês critica a filosofia hegeliana por meio de um dos seus muitos pseudônimos, Johannes Climacus, para quem a filosofia, longe de começar com o assombro, como queria Descartes – ele diz que o "penso, logo existo" é uma tautologia –, tem na dúvida sua chave-mestra.
"Kierkegaard é, de fato, um escritor da paixão, o que explica, em parte, sua ressonância entre os contemporâneos, embora seja necessário enfatizar que o seu é um existencialismo cristão", observa a professora dinamarquesa, chamando a atenção justamente para os muitos equívocos cometidos pela modernidade em nome de Kierkegaard, associando-o a Nietzsche e Sartre. Ao contrário dos modernos, ele queria ancorar sua verdade filosófica num porto mais seguro que o da consciência. O ceticismo de Kierkegaard não é o mesmo dos contemporâneos. "Habermas e Derrida, sem dúvida, devem muito à filosofia de Kierkegaard, assim como Camus, mas não se pode esquecer que, ao contrário dos modernos, ele fala do absurdo de situações de personagens bíblicos como Jó e Abraão para mostrar que há algo superior à a razão, incompreensível a quem não está inclinado à fé."
Kierkegaard, como lembra o professor Álvaro Valls, "antecipa a crítica de Nietzsche à Igreja", mas, ao contrário do filósofo alemão, aceita o intangível. Valls diz que, ao contar a história bíblica de Abraão, Kierkegaard quer, de fato, desafiar, mostrando que a fé é uma paixão. Referindo-se à conturbada relação do filósofo dinamarquês com seu pai, um severo protestante, Valls associa a crítica de Kierkegaard à ética racionalista, especialmente a hegeliana, como um meio de afirmar sua crença na angústia amalgamada à fé como meio de salvação. "Ele faz da filosofia não autoajuda, mas um meio de pensar a partir da vida, rejeitando a cátedra e tornando-se um filósofo de teatro, vale dizer, antiacadêmico."
As contradições de Kierkegaard, traduzidas no uso de pseudônimos – que são como personagens desse teatro –, desembocam numa peça que Adorno considerava barroca. Ela termina numa provocação inscrita na lápide do filósofo, observa o tradutor Valls. Nela, em tom irônico ou não, evoca-se uma frase de Hans Adolph Brorson em que o filósofo diz repousar entre flores, conversando sem cessar com Jesus. Os versos simples do bispo dinamarquês Brorson são, segundo Valls, "uma provocação aos filósofos deslumbrados".
A filósofa dinamarquesa Pia Søltoft conclui que os elementos biográficos e as reflexões filosóficas de Kierkegaard têm uma ligação tão estreita que é impossível desvinculá-los. Até nisso o filósofo dinamarquês antecipou a modernidade.


A locomotiva Ivete Julio Maria Se o Rock in Rio fosse um ser, ele seria Ivete Sangalo. Com todos os polegares para cima...

Se o Rock in Rio fosse um ser, ele seria Ivete Sangalo. Com todos os polegares para cima e para baixo que a definição possa significar, é esta mulher quem representa melhor o que o festival se tornou desde 1985, quando começou a fazer história. Grande, com um alvo de longo alcance, mais para entreter do que fazer pensar, Ivete é uma locomotiva indomável sobre duas pernas esculturais, movida por uma urgência de vida. Seu show de ontem foi um tratamento feito a base de choque, administrado por longas doses de adrenalina desde a primeira canção. É como se a montanha russa de Ivete não tivesse subida, só descida. E como se não convidasse, mas sim sequestrasse aqueles que pasam por perto para um longo passeio.
É como se tudo viesse pensado para fazer as pessoas tirarem o pé do chão o tempo todo. Os ranzinzas que estão no público precisam ter personalidade. País Tropical, Real Fantasia, Arerê, Berimbau Metalizado, Não Quero Dinheiro, Festa, Acelera Aê. Jogadas assim parecem repertório de festa de formatura. Mas no palco fazem sentido, com seus arranjos bem amarrados. Muito além do axé, ela migra para o rock, o funk, o reggae, mas tudo para ser absorvido por qualquer um. Ivete não parecer querer ganhar status entre cantores e críticos. Sua sucesso é medido pela quantidade de cabeças em movimento. E no Rock in Rio, não houve um instante em que ela permitiu que esse movimento parasse. Quando pareceu acalmar, colocando um piano na festa, começou a cantar Love of My Life, do Queen, para espertamente lembrar do momento mais emocionante de todas as cinco edições do Rock in Rio. Fez o mundo que estava a sua frente cantar a música que um dia foi regida no mesmo Rock in Rio por Fred Mercury. Nenhuma tirada poderia ser melhor. Até Orlando Moraes, se fizesse o mesmo, colocaria a Cidade do Rock a seus pés. O Rock in Rio que não é mais apenas rock tem em Ivete Sangalo, que não é mais apenas axé, sua mais completa descrição.

Pessoas tentam invadir Cidade de Rock, vindo de barco - Aconteceu na noite de hoje.

Dezenas de pessoas tentaram invadir os fundos da Cidade de Rock, vindo de barco até o local - que tem um braço de água ao fundo do palco principal. O local é cercado de alambrado, mas as pessoas pulam.
Para reprimir a tentativa, os seguranças do Rock in Rio usaram gás pimenta - mas o feitiço voltou-se contra o feiticeiro, o gás foi rechaçado pelo vento e acabou irritando olhos de operários que trabalham na organização. Cerca de 20 pessoas reclamaram de intoxicação.
O uso do gás foi confirmado por um segurança, que não quis se identificar. Para impedir qualquer "penetra" de entrar pela área, os seguranças também patrulham a área com cães, que soltam nos invasores.

Caso Amarildo: Dois meses depois, 'ninguém sabe, ninguém viu', diz esposa

Elizabete Gomes da Silva já perdeu as contas de quantas vezes contou a história, mas dois meses depois, repete como quem está com a vida parada no mesmo dia.
O marido saiu de casa para comprar limão e alho para preparar o peixe. Quando não pescava sábado, pescava domingo. Naquele fim de semana, a pescaria fora no domingo e o pedreiro Amarildo Gomes da Silva, seu parceiro dos últimos 27 anos, voltara com dez peixes graúdos.
Amarildo limpou os peixes na escada de entrada do barraco de um cômodo que dividia com a mulher e os seis filhos na Rocinha. Guardou-os na geladeira e saiu.
Chegando à birosca onde compraria o alho e o limão, Amarildo foi levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha 'para verificação'.
Elizabete o viu pela última vez entrando numa viatura policial. Mais tarde, a UPP informou que Amarildo já tinha sido liberado e estaria voltando para casa.
Mas Amarildo nunca apareceu e a família não teve estômago para comer os peixes que ele pescara. Deu para os vizinhos.
'Meu marido sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Não tenho resposta da Justiça, do prefeito, do governador. A vida que estou vivendo agora, parece que estou vegetando,' diz Elizabete, que tem 47 anos e é conhecida por todos como Bete.
Dois meses se passaram desde aquele 14 de julho. De lá para cá, o caso motivou protestos Brasil afora com cartazes de 'Onde está o Amarildo?', campanhas de entidades como a Anistia Internacional e o Rio da Paz e até um 'gritaço' convocado nos últimos dias no Rio, convocando moradores na cidade toda a gritarem de
suas janelas, às 20h da última quarta-feira - 'cadê o Amarildo?'.
'Sob tutela da polícia'
O desaparecimento do pedreiro está sendo investigado pela Polícia Civil, pelo Ministério Público (MP-RJ) e pela Corregedoria da Polícia Militar (PMERJ).
O caso foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital da Polícia Civil (DH) no dia 31 de julho, que desde então ouviu depoimentos de familiares, vizinhos e amigos de Amarildo, bem como de todos os policiais militares lotados na UPP da Rocinha.
A investigação está em fase de conclusão, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil. A DH trabalha com duas linhas de investigação: a hipótese de que o crime tenha sido cometido por traficantes da favela ou por policiais militares.
De acordo com a UPP, quatro policiais sob investigação foram afastados de funções operacionais até que termine o inquérito e estão fazendo trabalho administrativo. A corporação afirma que não há indícios da participação de policiais no desaparecimento de Amarildo, já que ele teria sido liberado ao fim do interrogatório.
Mas mesmo antes da conclusão da investigação em curso da Polícia Civil, o cientista político João Trajano Sento-Sé afirma que a polícia não pode se eximir de responsabilidade no caso.
'Independente do que aconteceu, não há como escapar disso. A PM é coautora desse desaparecimento. Ele estava sob tutela da polícia, então e PM tem responsabilidade no episódio', diz Sento-Sé, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj).
O pesquisador afirma que o caso envolve 'erros de procedimento' por Amarildo ter sido levado para verificação em um posto avançado - a UPP da Rocinha - e não em uma delegacia, como mandaria a norma. Isso teria colocado o pedreiro em uma situação de vulnerabilidade.
'Ele desaparece em uma circunstância em que é posto numa situação de risco pela agência do Estado, e não é protegido por ele. Foi visto pela última vez sob a custódia da polícia, então a polícia tem que responder por esse desaparecimento', diz.
Golpe para UPP
Para Sento-Sé, o desaparecimento de Amarildo foi um golpe muito duro - 'talvez o mais grave até agora' - na política de pacificação, uma das marcas do governo Sérgio Cabral.
'Estamos falando de profissionais lotados no grande programa de segurança pública de aproximação polícia comunidade, que é a UPP. Isso foi muito ruim para o programa e para a credibilidade da política de segurança do Brasil hoje', diz.
No escritório brasileiro da Anistia Internacional, que no mês passado incentivou pessoas do mundo todo a postarem suas fotos na internet perguntando por Amarildo, as preocupações principais são com a segurança da família de Amarildo e com o empenho das investigações.
Átila Roque, diretor da Anistia no Brasil, diz que a falta de agilidade das investigações e a demora em afastar policiais envolvidos geram dúvidas sobre o interesse efetivo de levar o inquérito às últimas consequências.
Ele critica o fato de que o comandante da UPP, major Edson Santos, só foi afastado um mês e meio após o desaparecimento e não está sendo investigado. No início do mês, a major Pricilla de Oliveira Azevedo assumiu o comando da UPP da Rocinha, como parte de um remanejamento geral do comando das UPPs do Rio.
'A impressão que se dá é que se está constituindo uma espécie de blindagem da UPP. É muito importante que o Estado não coloque o interesse de preservar a imagem da UPP acima do interesse da Justiça e das pessoas envolvidas', diz Roque.
'É com transparência e investigação de qualquer malfeito que o Estado vai preservar a imagem de uma instância. O Estado sai mais forte se punir do que se ocultar violações de direito', afirma.
Roque ressalta ainda que o caso ocorreu depois de denúncias recebidas em abril pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDDH) de casos de tortura e uso de eletrochoque por policiais para interrogar moradores da Rocinha e obter informações sobre tráfico de drogas no local.
Tais denúncias estão sendo investigadas pelo MP-RJ, que instaurou procedimento para apurar crimes de tortura, ameaça e abuso de autoridade por policiais militares da UPP.
'Safada' e 'abusada'
Nas últimas duas semanas, agentes da DH realizaram duas reconstituições como parte das investigações do desaparecimento, a primeira levando cem homens para a Rocinha para traçar os últimos passos do ajudante de pedreiro, e a segunda para refazer o trajeto percorrido pela viatura em que Amarildo entrou ao sair da sede da UPP da Rocinha.
Campanha por Amarildo. Foto: AFP
"Campanha por Amarildo. Foto: AFP"
Enquanto espera a conclusão do inquérito, Bete e os seis filhos de Amarildo, que têm de 6 a 21 anos, estão vivendo em um quarto de fundos na casa de uma das irmãs do ajudante de pedreiro, dormindo em uma cama de casal e um colchonete que ela coloca no chão.
Bete não quis ficar na casa onde viva com o marido por diversos motivos: medo, saudade e más condições de moradia. A casa estava em obras e o marido que faria tudo com as próprias mãos. Agora o material de construção está sem destino.
'Tiraram a coluna da minha casa, que era o meu marido. Ele que trabalhava e botava as coisas dentro de casa, o pão, o leite, tudo, enquanto eu cuidava das crianças. A nossa vida está toda destrambelhada depois do sumiço dele', diz.
Ela diz que vem sendo intimidada por policiais e já foi chamada de 'safada' e 'abusada' ao passar por eles nas vielas da favela. Ela e os filhos estão evitando sair sozinhos.
'Os policiais não gostaram da atitude que a gente tomou. Porque quantos Amarildos já morreram? Quantas pessoas não morreram dentro do morro, e a família não falou nada por medo? A gente botou a boca no trombone, protestou, fechou boca de túnel, entrou ao vivo na TV. Estamos gritando e pedindo justiça', diz.
Bete diz que a família só vai parar de gritar quando o corpo do marido aparecer.
'A família não tem nem os ossos para enterrar. Isso é uma coisa muito dolorosa. É uma ferida aberta para sempre no corpo da gente, que nunca se fecha. Pelo amor de Deus, cadê o corpo dele? Para a gente enterrar com dignidade! Não é um animal.'